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65ª Cúpula do Mercosul: Comércio em queda e relação difícil entre Brasil e Argentina

Brasil e Argentina Enfrentam Divergências na 65ª Cúpula do Mercosul

O Mercosul iniciou nesta quinta-feira (5), em Montevidéu, sua 65ª cúpula em meio a tensões entre Brasil e Argentina, principais economias do bloco. A relação conturbada entre os países tem refletido em uma queda significativa no comércio bilateral, ainda que ambos tenham concordado com os termos para um aguardado acordo de livre comércio com a União Europeia.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil (MDIC) mostram que, entre janeiro e outubro deste ano, as exportações brasileiras para a Argentina caíram 24,8% em comparação com o mesmo período de 2022. Enquanto isso, as importações de produtos argentinos aumentaram 9,7%, resultando em uma redução drástica no superávit brasileiro com o vizinho: de US$ 4,75 bilhões para apenas US$ 69 milhões.

A embaixadora Gisela Padovan, secretária para América Latina e Caribe do Itamaraty, atribuiu a queda ao ajuste fiscal implementado pelo governo do presidente argentino, Javier Milei. “O que mudou este ano foi a entrada de um novo governo que promoveu um ajuste bastante forte, com implicações negativas para nós”, afirmou Padovan.

Além das dificuldades comerciais, a relação política entre os dois países também enfrenta desafios. Esta será a primeira participação de Milei em uma cúpula do Mercosul. No ano passado, ele optou por não comparecer ao encontro em Assunção, preferindo participar de um evento conservador no Brasil. Crítico do Mercosul, Milei já cogitou retirar a Argentina do bloco, mas o avanço do acordo com a União Europeia parece ter refreado essa intenção.

Apesar das tensões, os quatro membros fundadores do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – chegaram a um consenso sobre os termos do acordo com a UE. O tratado, aguardado há mais de 20 anos, depende agora de aprovação final pelos europeus, após intensas negociações de última hora.

A cúpula, que se encerra nesta sexta-feira (6), ocorre em um momento delicado para o Mercosul, com o desafio de equilibrar relações internas e aumentar o volume de comércio entre seus membros. Como destacou a embaixadora Padovan, “o equilíbrio é desejável, mas com mais comércio, e não menos”.

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