O poder de compra dos brasileiros sofrerá um impacto significativo em 2025 com o reajuste do salário mínimo para R$ 1.502, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo site Mercado Mineiro. Apesar do aumento nominal de R$ 90 em relação ao valor atual de R$ 1.412, o ajuste não acompanhará a inflação e outros fatores econômicos, reduzindo a capacidade de consumo da população.
A pesquisa detalha como itens básicos serão afetados. No caso das carnes, um dos grupos mais prejudicados, a projeção é que o consumo médio caia até 30 kg por trabalhador. Para a carne bovina, por exemplo, a aquisição de acém deve reduzir de 46 kg para 42 kg. Situação semelhante ocorre com a carne suína, cujo poder de compra para costelinha cairá de 60 kg para 49 kg. Já o peito de frango terá uma redução de 14 kg, indo de 105 kg para 91 kg.
O impacto se estende a outros produtos essenciais, como arroz, óleo de soja e leite. Enquanto a perda para o arroz é estimada em sete pacotes anuais, o leite terá um recuo ainda mais expressivo, com menos 93 litros disponíveis no orçamento do trabalhador. O café, afetado por questões climáticas, registrará uma redução de 34 pacotes de 500 g. O administrador do Mercado Mineiro, responsável pelo estudo, destacou a importância da pesquisa de preços para minimizar os danos. “A inflação está corroendo o poder de compra, e o consumidor precisa buscar alternativas para driblar isso”, afirmou.
O levantamento também analisou os combustíveis, revelando que a gasolina e o etanol pesarão mais no bolso em 2025. A perda estimada é de 25 litros e 76 litros, respectivamente. Entretanto, há um ponto positivo: o feijão carioquinha será o único produto com aumento no poder de compra, subindo de 214 kg para 255 kg.
O cenário ocorre em meio à aprovação de uma nova regra de reajuste do salário mínimo pelo Senado. O projeto, alinhado ao arcabouço fiscal, limita o crescimento real do mínimo a 2,5% acima da inflação. Embora a regra atual calcule o ganho real pelo PIB dos dois anos anteriores, a mudança reduzirá as despesas do governo em cerca de R$ 11,9 bilhões entre 2025 e 2026. Apesar da resistência até na base aliada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a proposta, apontando-a como essencial para o equilíbrio fiscal.
A nova realidade do salário mínimo reforça um dilema: como ajustar o orçamento doméstico diante de restrições cada vez maiores? Para muitos brasileiros, as alternativas se tornam mais escassas, e o peso da inflação seguirá ditando o consumo no próximo ano.