Apesar de não ocupar formalmente um cargo no governo, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, administra uma estrutura significativa ligada ao Palácio do Planalto. Reportagem do Estadão, publicada nesta quinta-feira (26), revela que a primeira-dama conta com uma equipe de 12 profissionais, cujos salários somam cerca de R$ 160 mil mensais, e que já gastou R$ 1,2 milhão em viagens desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os profissionais incluem assessores de imprensa, fotógrafos e especialistas em redes sociais, além de um capitão do Exército que atua como ajudante de ordens. Eles trabalham em uma sala de 25 metros quadrados no terceiro pavimento do Palácio do Planalto, reformada em julho deste ano. Paralelamente, Janja também dispõe de uma equipe de segurança formada por policiais federais que a acompanham em viagens e compromissos.
Estrutura Defendida e Críticas de Nepotismo
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) afirmou que os servidores estão alocados em diferentes órgãos da Presidência, conforme determinações da Lei nº 14.600/2023, que reorganizou a Esplanada dos Ministérios. No entanto, os valores apresentados pelo Estadão não foram contestados pelo órgão.
No início do mandato de Lula, Janja pleiteou a criação de um gabinete próprio para tratar de temas como feminismo, cultura e segurança alimentar. O pedido foi negado por Rui Costa, chefe da Casa Civil, que argumentou que a iniciativa poderia ser enquadrada como nepotismo devido ao casamento com o presidente.
Viagens e Influência
Entre as atividades da equipe, destaca-se o trabalho de Cláudio Adão dos Santos Souza, fotógrafo pessoal de Janja, que já gerou custos de R$ 182,3 mil em viagens. Outros integrantes são responsáveis pela gestão de redes sociais institucionais, como o SecomVC, que acumula mais de 223 mil seguidores.
Apesar do veto inicial ao gabinete, Janja tem defendido a legitimidade de desempenhar um papel ativo, citando exemplos de primeiras-damas de outros países que possuem gabinetes formais. Enquanto isso, sua estrutura paralela segue operando, levantando debates sobre gastos e atribuições no âmbito público.
A reportagem lança luz sobre a influência crescente de Janja, mesmo sem cargo oficial, e reforça as tensões políticas em torno de seu papel no governo federal.