A recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a chegada do chamado Abril Vermelho — período em que o grupo intensifica invasões de terras — colocaram o agronegócio em estado de alerta. O movimento promete intensificar as ocupações após cobrar respostas do governo federal, alegando que suas demandas não foram atendidas de maneira satisfatória.
A aproximação entre Lula e o MST gera preocupação entre produtores rurais e parlamentares ligados ao setor agropecuário, que já enfrentam desafios como estiagem, enchentes e a possibilidade de novas taxações sobre a atividade agrícola. Além disso, a ocupação de terras consideradas improdutivas pelo próprio movimento, e não necessariamente pelos órgãos competentes, agrava a insegurança jurídica para o setor.
Em resposta, a bancada ruralista apresentou um pacote de medidas contra invasões, visando endurecer punições para ocupações ilegais. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) monitora atentamente os desdobramentos do Abril Vermelho, período no qual o MST tradicionalmente amplia suas ações. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as invasões cresceram 213% entre 2022 e 2023, e somente em abril de 2024, o MST ocupou 35 propriedades.
A visita de Lula ao Acampamento Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais, reacendeu o debate. O presidente anunciou R$ 1,6 bilhão para assentamentos rurais e a desapropriação da Usina Ariadnópolis, área ocupada pelo MST desde 1996. O gesto foi interpretado por opositores como uma tentativa de fortalecer sua base política em meio à queda de popularidade.
Diante desse cenário, o setor agropecuário pressiona por medidas mais rígidas para garantir segurança jurídica e estabilidade no campo. Com a crescente tensão entre produtores e o MST, a relação do governo com movimentos de reforma agrária deve continuar gerando embates nos próximos meses.