Os preços nas prateleiras dos supermercados, nos restaurantes, nas mensalidades escolares e no setor imobiliário são apenas alguns sintomas de um problema maior: a fragilidade da economia brasileira. O atual governo, ao apostar no estímulo ao consumo como motor do crescimento, repete erros do passado, levando a um crescimento insustentável que, inevitavelmente, resulta em inflação, juros altos e desaquecimento econômico. Assim, o Brasil segue preso a um ciclo que impede seu avanço real para um patamar de desenvolvimento sustentável.
Nos últimos quatro anos, o país experimentou um crescimento expressivo, com o PIB avançando acima dos 3% ao ano—a primeira sequência do tipo desde os anos 2000. No entanto, a desaceleração já dá sinais claros de que o fôlego está acabando. No último trimestre de 2024, o crescimento foi praticamente zero, e o consumo das famílias caiu pela primeira vez em treze trimestres. Mesmo com desemprego em baixa e salários mais altos, a realidade se impõe: os brasileiros estão comprando menos, pressionados pelo alto custo de vida e pelas restrições ao crédito.
As projeções para 2025 já indicam uma desaceleração, com crescimento esperado abaixo de 2%. O aumento da inflação e dos juros restringe ainda mais a capacidade de recuperação da economia. O cenário é agravado pela falta de investimentos produtivos e pela baixa produtividade, fatores essenciais para um crescimento sustentável. Países que conseguiram superar a chamada “armadilha da renda média” investiram em educação, infraestrutura e reformas estruturais, algo que o Brasil ainda reluta em fazer.
O Banco Mundial alerta que o Brasil, se mantiver seu ritmo atual, se distanciará ainda mais das economias desenvolvidas. Enquanto nações como Coreia do Sul e Polônia apostaram em competitividade e inovação, o Brasil continua dependente de protecionismo e medidas paliativas. Sem uma mudança estrutural, o país permanecerá preso a ciclos de crescimento curto seguidos de crises, incapaz de alcançar uma prosperidade duradoura.
O desafio está posto: para escapar da mediocridade econômica, o Brasil precisa abandonar a ilusão de crescimento baseado no consumo e adotar um modelo que privilegie investimentos, produtividade e responsabilidade fiscal. Caso contrário, a história continuará se repetindo, com a locomotiva da economia andando em círculos e deixando o sonho do desenvolvimento cada vez mais distante.