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Rota da cocaína: PF investiga corrupção na Receita e em aeroporto de Roraima

Mensagens interceptadas revelam esquema milionário do PCC para enviar droga à Europa por navio e avião, com apoio interno em órgãos públicos.

Esquema do PCC contaria com agentes da Receita e servidor de aeroporto, indica PF

Investigações da Polícia Federal apontam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ter contado com a colaboração de agentes da Receita Federal para despachar toneladas de cocaína à Europa, tanto por via marítima quanto aérea. As revelações surgem a partir da análise de mensagens trocadas por membros da facção, especialmente por Willian Barile Agati, conhecido como “Senna”, considerado o operador logístico da organização criminosa.

Em um dos diálogos interceptados, após a apreensão de 322 kg de cocaína escondidos em uma carga de cerâmica no Porto de Paranaguá (PR), Senna menciona estar com “o pessoal da Receita” tentando entender como a operação foi descoberta. A PF suspeita que os criminosos contavam com agentes corruptos que acessavam sistemas internos para monitorar possíveis fiscalizações.

O Porto de Paranaguá, usado com frequência pelo grupo, já havia sido palco de outras 17 apreensões em 2020, somando quase seis toneladas de droga confiscadas naquele ano. A principal técnica empregada pelo PCC é o método rip-on/rip-off, onde a cocaína é inserida em cargas lícitas sem o conhecimento do exportador.

As mensagens também revelam a atuação de um “planner” — funcionário do terminal de contêineres do porto — que repassava ao grupo informações cruciais sobre rotas e posicionamento de cargas. O nome do colaborador interno ainda não foi divulgado pela PF.

O braço aéreo da operação também está sob investigação. O administrador do aeroporto de Boa Vista (RR), Werner Pereira da Rocha, é apontado como facilitador de voos particulares que levavam cocaína até a Bélgica, com destino final em Londres. O pagamento pelos serviços de Rocha e de um agente da Receita Federal para liberação das bagagens chegava a R$ 750 mil por viagem.

O Farol Diário segue acompanhando os desdobramentos do caso. A defesa de Agati nega qualquer envolvimento com o tráfico ou com o PCC, enquanto a de Werner da Rocha não foi localizada até o fechamento desta edição. A Receita Federal informou que responderá à imprensa “assim que possível”.

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