Sete em cada dez brasileiros acreditam que a violência e o crime organizado ultrapassaram as fronteiras estaduais e se tornaram um desafio nacional. É o que revela a mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (30), com base em entrevistas realizadas entre os dias 27 e 31 de março com 2.004 pessoas em todo o país. Segundo os dados, apenas 26% consideram que a segurança pública deve ser tratada apenas pelos governos estaduais.
Embora a Constituição atribua a responsabilidade direta da segurança às polícias Civil e Militar — portanto aos estados —, o sentimento popular é de que o governo federal também deve assumir protagonismo na área. Para 85% dos entrevistados, o combate à criminalidade deve ser uma tarefa compartilhada entre União e estados. Apenas 9% defendem que a missão permaneça exclusivamente nas mãos dos governos estaduais.
A percepção popular sobre o aumento da violência também chama atenção: 47% dos entrevistados disseram que a criminalidade cresceu em seus municípios no último ano. Outros 36% avaliam que a situação não mudou, enquanto apenas 15% percebem melhora. O resultado reforça a sensação generalizada de insegurança nas cidades brasileiras, sobretudo nas periferias, onde a presença do Estado costuma ser mais precária.
Quando questionados sobre a atuação do governo Lula na segurança pública, as respostas foram majoritariamente negativas: 38% reprovam a gestão petista nesse quesito, contra 25% que a aprovam. A avaliação dos governos estaduais teve desempenho ligeiramente superior, com 36% de aprovação e 28% de reprovação. Os dados apontam para uma insatisfação generalizada, ainda que mais intensa em relação ao governo federal.
O levantamento, que tem margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%, reforça uma cobrança crescente da sociedade por respostas mais eficazes ao avanço do crime organizado. No contexto atual, como observa O Farol Diário, a centralização de poder em Brasília não tem sido acompanhada por responsabilidade proporcional em áreas críticas como a segurança — um desequilíbrio que gera frustração e desconfiança entre os cidadãos.