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Venezuela intensifica repressão à mídia: SNTP denuncia perseguição sistemática

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, denúncias apontam uso de leis antiterrorismo para silenciar jornalistas e colapso do ecossistema de mídia no país

Caracas, 3 de maio — Em plena celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela denunciou neste sábado a “deterioração sistemática” das condições para o exercício do jornalismo no país. Segundo a entidade, 35 profissionais da mídia estão sendo processados, muitos deles vítimas de uma repressão cada vez mais institucionalizada.

O SNTP destaca o uso “ilegal e arbitrário” das leis antiterrorismo como ferramenta para silenciar vozes críticas, uma prática que classifica como “muito grave”. Atualmente, 15 jornalistas estão presos, 12 sob medidas cautelares e 8 enfrentam interrogatórios ou fugiram de mandados de prisão. “Que liberdade?”, questionou o sindicato em nota divulgada na plataforma X (antigo Twitter).

O panorama descrito pela organização sindical é sombrio. O ecossistema de mídia venezuelano teria sido devastado pelo fechamento de centenas de rádios, o desaparecimento da imprensa escrita e o bloqueio de mais de 60 veículos online. O resultado: uma redução superior a 80% na diversidade de fontes de informação disponíveis à população.

Além disso, o acesso à informação pública é considerado “precário”, com autoridades se esquivando de prestar contas. A perseguição, segundo o SNTP, tem sido particularmente intensa contra jornalistas que investigam temas ligados à segurança pública, revelando a intolerância do regime à supervisão cidadã.

O alerta do sindicato coincide com a divulgação de um relatório da ONG Espacio Público, que registrou 99 prisões por “expressão de opiniões” em 2024 — um salto de 254% em relação ao ano anterior. Entre os detidos, 24 são jornalistas e trabalhadores da mídia, e ao menos 36 foram acusados de “incitação ao ódio”, muitas vezes apenas por postagens em redes sociais.

O Farol Diário acompanha com preocupação os desdobramentos na Venezuela, onde o cerco à liberdade de imprensa parece se intensificar à medida que se aproximam as eleições presidenciais de julho. O caso serve de alerta sobre os riscos da centralização do poder e da erosão das liberdades fundamentais em nome do controle político.

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