A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta sexta-feira (9) que a China demonstrou forte interesse em investir na malha ferroviária brasileira. Segundo ela, a expressão usada pelo presidente chinês Xi Jinping durante um encontro com Lula em 2024 foi de que o país pretende “rasgar” o Brasil com ferrovias, sinalizando uma ambição clara de protagonismo logístico no território nacional. As declarações foram dadas em entrevista à revista Carta Capital.
Tebet embarca nos próximos dias para a China, onde se juntará à comitiva presidencial. A viagem ocorre em meio ao acirramento das disputas comerciais globais e promete marcar um novo estágio nas relações entre Brasil e China, com foco em infraestrutura e atração de capital estrangeiro. Segundo a ministra, “não existe dinheiro público suficiente” para bancar obras dessa magnitude sem a parceria de fundos internacionais.
O governo brasileiro aposta nas chamadas Rotas de Integração Sul-Americana como eixo central da cooperação logística. Esses corredores conectam o Brasil a portos no Pacífico, facilitando o escoamento de produtos rumo ao mercado chinês. As rotas, que incluem obras como a Ferrovia Bioceânica, estão na pauta das reuniões com autoridades chinesas.
A postura do governo Lula, porém, acende alertas sobre a crescente dependência estratégica em relação à China. Ao priorizar investimentos vindos do regime comunista chinês, o Brasil pode estar abrindo mão de autonomia em áreas sensíveis, como transporte e logística, em nome de uma infraestrutura que deveria ser construída com mais equilíbrio geopolítico.
A ministra tem defendido também a integração sul-americana com países andinos e asiáticos como alternativa ao tradicional eixo atlântico de exportações. A proposta, embora economicamente atrativa, reforça o papel da China como principal destino e parceiro nas cadeias produtivas da região — um movimento que, sob o pretexto de cooperação, pode concentrar demais o poder decisório em mãos estrangeiras.