Beneficiários do INSS relatam onda de descontos bancários não autorizados
Uma nova forma de cobrança irregular está atingindo milhares de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo revelou a Folha de S. Paulo, diversos segurados notaram débitos automáticos em suas contas bancárias logo após o recebimento do benefício. Diferente das conhecidas fraudes associativas, desta vez o foco está em seguradoras e clubes de benefícios – e não há, aparentemente, vínculo direto com associações de aposentados.
Empresas como o Grupo Aspecir, Sebraseg/Binclub e Paulista Serviços já somam mais de 45 mil processos, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Essas companhias, no entanto, negam qualquer irregularidade, afirmando seguir as normas estabelecidas pelo Banco Central. Enquanto isso, o INSS diz não ter visibilidade sobre essas transações e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) conduz investigações para apurar os casos.
Os relatos são alarmantes. A aposentada Selma Lisboa, 71, percebeu descontos mensais iniciados pela Eagle Sociedade de Crédito, seguidos por novas cobranças da Aspecir. Em outro caso, Vera, também de 71 anos, acumulou R$ 1.222 em seis meses sem conseguir interromper os débitos. Casos semelhantes se multiplicam, e o padrão se repete: ausência de consentimento e dificuldades para bloqueio ou reembolso.
As empresas envolvidas tentam se isentar. Algumas afirmam atuar apenas como intermediárias, outras oferecem reembolso ou alegam ter afastado suspeitos. O setor bancário, representado por instituições como Bradesco e Itaú, afirma cumprir os protocolos e garantir a notificação dos clientes. No entanto, os casos de reincidência e a dificuldade dos consumidores em reverter os débitos levantam dúvidas sobre a efetividade desses controles.
A Revista Oeste destaca que as queixas estão em alta, com a Aspecir Previdência contabilizando 450 reclamações em apenas um semestre. Especialistas alertam para a vulnerabilidade dos idosos frente a contratos pouco transparentes e a excessiva confiança em sistemas bancários automatizados. O jornal O Farol Diário seguirá acompanhando o avanço das investigações e os desdobramentos judiciais, buscando respostas para milhares de brasileiros afetados por essas cobranças indevidas.