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Fordow: o bunker imbatível do Irã

Protegida por rochas e concreto, usina subterrânea de Fordow só pode ser atingida por arma exclusiva dos EUA, reacendendo tensões entre Teerã, Washington e Tel Aviv.

A instalação nuclear de Fordow, escavada sob uma montanha nos arredores da cidade sagrada de Qom, tornou-se o centro de um impasse geopolítico cada vez mais tenso. Blindada contra ataques convencionais, a usina é hoje o principal símbolo da resiliência militar do Irã e da dificuldade de conter seu programa nuclear sem recorrer a medidas extremas.

Fordow só pode ser atingida com eficácia pela GBU-57/B Massive Ordnance Penetrator (MOP), uma bomba de 13,6 toneladas capaz de atravessar até 60 metros de rocha e concreto. No entanto, essa arma está sob controle exclusivo dos Estados Unidos, que, mesmo diante da escalada no Oriente Médio, mantêm a política de não fornecê-la a aliados, como Israel. O jornal O Farol Diário apurou que a capacidade israelense se restringe a bombas menos potentes, inviáveis contra a profundidade da instalação.

A preocupação global se intensificou após a AIEA detectar, em março de 2023, urânio enriquecido a 83,7% em Fordow — a um passo da pureza exigida para armamentos nucleares. Desde então, a usina é tratada como “último reduto” estratégico do Irã, capaz de manter o programa mesmo após ataques em outras localidades. O reforço da presença militar americana na região, com caças e porta-aviões, indica que o Pentágono avalia opções de contenção, mas evita provocar uma guerra regional.

Sem poder penetrar Fordow, Israel tem recorrido a operações indiretas, como ataques a estruturas externas e ações de sabotagem. Ciberataques, infiltração de agentes e missões clandestinas tornaram-se armas preferenciais — eficazes, porém arriscadas. Apesar dos sucessos pontuais, tais táticas não garantem a eliminação da ameaça nuclear iraniana.

A alternativa diplomática, com inspeções e acordos multilaterais, continua sendo defendida por boa parte da comunidade internacional. Contudo, o endurecimento da postura iraniana — e a fragilidade dos mecanismos de fiscalização — deixam pouco espaço para soluções estáveis. Analistas ouvidos por O Farol Diário alertam que mesmo uma ofensiva com bombardeiros B-2 e MOPs exigiria ataques múltiplos e ações subsequentes para avaliar e assegurar a destruição.

Num contexto em que o custo político, militar e ambiental de uma ofensiva direta seria altíssimo, a existência de Fordow representa não apenas uma questão técnica de engenharia militar, mas um enigma estratégico que desafia potências, expõe limitações ocidentais e mantém o Oriente Médio em permanente estado de tensão.

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