O governo Lula sofreu um revés nesta quarta-feira (25), quando a Câmara dos Deputados aprovou com ampla maioria o projeto que anula o aumento do IOF decretado pelo Executivo. A medida recebeu 383 votos favoráveis e apenas 98 contrários, sinalizando forte insatisfação do Congresso com a condução econômica liderada por Fernando Haddad.
O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras havia sido instituído como parte do esforço do governo para elevar a arrecadação e tentar cumprir a meta de déficit fiscal zero. No entanto, a iniciativa esbarrou na resistência de parlamentares, especialmente diante do atraso no repasse de emendas parlamentares, que já somam R$ 1,7 bilhão em compromissos assumidos pelo Planalto.
A votação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) ocorreu em clima de crescente atrito entre os Poderes. O texto ainda precisa passar pelo Senado, e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), já sinalizou que a apreciação pode ocorrer ainda hoje, acelerando o embate político entre Congresso e governo.
Nos bastidores, o movimento é visto como uma reação direta ao estilo centralizador da equipe econômica e às pressões por mais espaço nas decisões fiscais. A derrubada do decreto representa um obstáculo relevante à estratégia do Ministério da Fazenda, que tem apostado em medidas pontuais de arrecadação em vez de cortar despesas.
No pano de fundo, está a dificuldade do Executivo em manter apoio parlamentar sem abrir mão de contrapartidas políticas, num cenário que expõe os limites de um governo que tenta conciliar responsabilidade fiscal com interesses de uma base cada vez mais fragmentada.
O Farol Diário continuará acompanhando a tramitação no Senado e os impactos dessa decisão na estabilidade da política econômica do governo.
