A crescente influência do Irã na América Latina voltou ao centro do debate internacional após a publicação de um artigo da colunista Mary Anastasia O’Grady no The Wall Street Journal, neste domingo (30). Conhecida por sua análise crítica das relações internacionais nas Américas, O’Grady aponta com preocupação a reaproximação entre o Brasil, sob o governo Lula (PT), e a teocracia islâmica de Teerã.
Segundo a colunista, após recentes ataques norte-americanos a instalações nucleares iranianas, há o risco real de retaliações indiretas no Ocidente por meio da extensa rede de aliados do Irã na região. Ela destaca o histórico de atentados terroristas em Buenos Aires nos anos 1990, vinculados ao Hezbollah, e critica o silêncio ou o apoio tácito de governos de esquerda diante da expansão iraniana.
O’Grady reserva críticas duras ao presidente Lula por permitir, em 2023, que dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro. Ela também menciona com preocupação a nota oficial do Itamaraty que condenou os ataques de Israel e dos EUA ao Irã, interpretando a posição brasileira como um sinal de alinhamento diplomático com o regime dos aiatolás.
A presença iraniana também é fortalecida pelo apoio aberto de regimes autoritários da região, como Venezuela, Cuba, Nicarágua e Bolívia. A jornalista menciona a fabricação de drones militares com tecnologia iraniana em solo venezuelano e o fornecimento de lanchas armadas, capazes de ameaçar áreas estratégicas, como as reservas de petróleo da Guiana.
Além da influência bélica, há também o risco de infiltração por meio de agentes iranianos transportados em voos diretos entre Teerã e Caracas. O’Grady cita um levantamento do Miami Herald, que revelou a emissão de milhares de passaportes venezuelanos a cidadãos do Oriente Médio, facilitando sua movimentação na região.