Brasília — A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) voltou ao centro de uma controvérsia política nesta semana ao publicar uma foto ostentando uma bolsa de luxo de R$ 24,7 mil da marca italiana Bottega Veneta. A postagem, feita na rede X (antigo Twitter), veio acompanhada de críticas ao Congresso e recados a detratores, reacendendo o debate sobre o uso de símbolos de alto consumo por representantes da esquerda.
A situação se agravou quando veio à tona que a parlamentar já havia se ausentado de uma votação decisiva — a do Marco Temporal das terras indígenas — para participar de um evento comemorativo da mesma grife em maio de 2023. Na ocasião, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto, considerado uma das principais batalhas políticas da esquerda. Hilton, embora tenha orientado a bancada do PSol a obstruir a pauta, não esteve presente no plenário.
A parlamentar se defendeu afirmando que sua ausência foi justificada e que a pauta foi alterada de última hora pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “Não tinha como eu saber com antecedência a pauta desse dia”, disse, alegando também perseguição política por parte de adversários. “Desconheço qualquer reclamação pública de parlamentares do meu partido sobre minha atuação parlamentar.”
O episódio soma-se a outros questionamentos recentes envolvendo o gabinete da deputada. Reportagem revelou a contratação de dois maquiadores com salários de até R$ 9,6 mil, pagos com verba pública. A deputada alegou que os profissionais também exercem funções de assessoria e que os serviços de maquiagem são “esporádicos”.
A sequência de polêmicas desperta incômodo mesmo dentro da esquerda, ao expor uma desconexão entre o discurso de defesa dos mais vulneráveis e práticas de consumo e gestão que soam incompatíveis com tal retórica. Críticos apontam que episódios como esse fragilizam pautas importantes ao associá-las a comportamentos percebidos como elitistas e desconectados da realidade da maioria dos brasileiros.
Em tempos de desconfiança institucional e pressão por mais transparência no uso do dinheiro público, episódios assim reforçam a urgência de um debate interno mais sério sobre coerência, prioridades e representatividade.