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ONU alerta para colapso total no Haiti sob domínio de gangues armadas

Com 90% da capital sob controle de milícias, número de deslocados internos atinge 1,3 milhão e violência já matou mais de 4 mil em 2025

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um alerta dramático nesta quarta-feira, 2, ao afirmar que o Haiti está à beira de um “colapso total”. Com cerca de 90% da capital, Porto Príncipe, dominada por gangues armadas, a instabilidade política e a escalada da violência colocam o país caribenho em uma situação extrema, segundo avaliação apresentada durante reunião em Nova York.

Dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) revelam que 1,3 milhão de haitianos foram forçados a abandonar suas casas devido à violência, o maior número de deslocamentos internos da história recente do país. A maioria dessas pessoas sobrevive em abrigos improvisados, sem acesso a água potável, alimentação adequada ou serviços básicos. “Por trás desses números estão vidas despedaçadas por uma crise persistente”, destacou Amy Pope, diretora-geral da OIM.

O impacto da violência é devastador: só em 2025, foram registradas mais de 4 mil vítimas de homicídios, entre elas 376 mulheres e quase 90 crianças. Para Miroslav Jenca, secretário-geral-assistente da ONU, o país enfrenta o colapso do Estado de Direito e uma erosão completa da autoridade estatal. Com a ausência do poder público, gangues assumiram funções típicas do governo, estabelecendo suas próprias leis e sistemas paralelos de “justiça”.

Apesar da presença de uma força internacional de apoio liderada pelo Quênia, os esforços de segurança têm se mostrado insuficientes. Autoridades da ONU argumentam que não basta intensificar o uso da força — é necessário integrar políticas de apoio humanitário, reconstrução institucional e envolvimento direto da população haitiana, especialmente mulheres e jovens, para restaurar alguma perspectiva de estabilidade.

A crise política se agravou ainda mais com a saída do ex-primeiro-ministro Ariel Henry, deposto por facções armadas. No lugar, um conselho de transição foi instaurado, prometendo eleições para fevereiro de 2026 — uma promessa frágil em meio ao colapso do Estado. O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos dessa tragédia que desafia a comunidade internacional e expõe os limites da intervenção multilateral frente ao crime organizado e à falência estatal.

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