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Governo Lula articulou visita a área do PCC com entidade investigada por tráfico

Sede da associação utilizada pelo governo para negociações já foi alvo de apreensão de drogas; entidade é chefiada por parente de líder do PCC

São Paulo – Documentos revelados pelo portal Metrópoles mostram que a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da primeira-dama Janja da Silva à Favela do Moinho, no centro da capital paulista, foi viabilizada após encontros com uma associação comunitária ligada ao crime organizado. A entidade em questão, usada pelo governo federal como intermediária, é presidida por Alessandra Moja Cunha — irmã de Leonardo Moja, conhecido como “Léo do Moinho”, ex-chefe do tráfico na região.

Relatórios do Ministério Público de São Paulo confirmam que a Favela do Moinho é controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), e a sede da Associação da Comunidade do Moinho, usada para reuniões com o governo, já foi palco de uma apreensão de drogas em 2023. A operação “Salus et Dignitas” encontrou no local grandes quantidades de cocaína, crack e maconha.

A agenda presidencial foi articulada dias antes por Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Em nota, ele afirmou que o objetivo era discutir a remoção pacífica das 900 famílias que vivem na área. O plano prevê o pagamento de até R$ 250 mil por família para viabilizar a realocação, permitindo que o terreno, de posse da União, seja transformado em um parque estadual.

Apesar da justificativa oficial de que as tratativas foram com lideranças escolhidas pelos próprios moradores, membros da ONG envolvidos nas reuniões têm histórico de condenações e vínculos com o PCC. Ainda assim, parlamentares do PT e do PSOL também participaram dos eventos na comunidade, reforçando o apoio à iniciativa do governo.

A visita, segundo o Palácio do Planalto, ocorreu de forma tranquila e seguiu todos os protocolos de segurança. No entanto, a revelação das ligações da entidade com o crime levanta questionamentos sobre os critérios e os riscos assumidos pelo governo ao negociar com representantes que, segundo o Gaeco do MP-SP, “se aproveitaram da ausência do Estado para instalar práticas criminosas na região”.

O Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos dessa controversa articulação entre governo e periferia sob domínio do tráfico.

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