A deputada estadual Ediane Maria (PSOL-SP) protocolou nesta terça-feira (8) um pedido de impeachment contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), alegando que ele cometeu crime de responsabilidade ao questionar a legitimidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação se baseia em uma publicação feita por Tarcísio nas redes sociais, na qual ele endossou uma mensagem do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que denunciava uma suposta perseguição judicial contra Bolsonaro no Brasil.
Na postagem, Trump declarou que Bolsonaro era alvo de um processo de perseguição constante e que “não é culpado de nada”. Tarcísio, ao comentar o conteúdo, escreveu: “Somente o povo deve julgar Bolsonaro, nas eleições de 2026”. A frase foi interpretada pela deputada do PSOL como uma tentativa de deslegitimar o papel do Judiciário brasileiro.
Segundo o documento entregue à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), a declaração do governador fere diretamente a Constituição Federal e representa um ataque institucional. “Ele questiona a competência do Judiciário, ao sugerir que apenas as urnas têm autoridade para julgar condutas que, segundo a Constituição, devem ser analisadas pelo STF”, afirma Ediane.
A deputada também argumenta que, ao adotar esse tipo de retórica, Tarcísio estaria incentivando o descrédito das instituições e instigando a população contra os poderes constituídos. O texto do pedido de impeachment afirma que essa conduta configura “quebra de decoro e atentado ao equilíbrio entre os Poderes”.
A declaração do governador não passou despercebida pelo Planalto. O governo Lula reagiu oficialmente à publicação de Trump e, indiretamente, ao apoio de Tarcísio. Em nota, o Executivo brasileiro afirmou que não aceitará “interferências externas” nos assuntos políticos internos, numa tentativa de desqualificar a fala do ex-presidente norte-americano e reafirmar a autonomia das instituições nacionais.
Como apurou O Farol Diário, o pedido de impeachment tem pouca chance de prosperar na Alesp, onde Tarcísio mantém maioria. Ainda assim, o episódio reflete o crescente embate entre governadores de perfil conservador e parlamentares da esquerda, que buscam barrar o avanço de vozes críticas ao ativismo judicial e à atual estrutura de poder.