O Exército Brasileiro apresentou ao Ministério da Cultura dois projetos culturais para captação de recursos via Lei Rouanet, somando mais de R$ 4,2 milhões em incentivos fiscais. As propostas para 2025 incluem uma turnê da Banda Sinfônica do Exército e a modernização do Museu Militar do Forte do Brum, no Recife (PE). A iniciativa reforça a presença crescente das Forças Armadas no setor cultural, despertando tanto interesse quanto controvérsias.
O primeiro projeto, orçado em R$ 690 mil, prevê apresentações musicais presenciais e virtuais ao longo de 2025, além de conteúdos educativos. Já a proposta do museu no Recife, com valor autorizado de R$ 3,65 milhões, promete transformar o Forte do Brum em um espaço imersivo e acessível, com melhorias em estrutura, tecnologia e interatividade.
Embora a Lei Rouanet tenha sido criada para democratizar o acesso à cultura e apoiar artistas independentes, o uso por instituições militares não é novidade. Marinha e Exército já captaram recursos para projetos semelhantes em anos anteriores, incluindo a revitalização do Mausoléu do Duque de Caxias em 2023.
A proposta divide opiniões: críticos defendem que os incentivos fiscais deveriam priorizar iniciativas artísticas da sociedade civil, enquanto apoiadores afirmam que projetos militares têm valor educativo e histórico, sendo também expressão legítima de cultura institucional. Especialistas apontam que esse movimento amplia o conceito de cultura dentro das políticas públicas.
O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos desse debate, que coloca em xeque os critérios de fomento cultural no país e reacende discussões sobre o papel do Estado — e de suas instituições — na produção e preservação da memória nacional.
