Em meio ao agravamento da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, o ministro Luiz Fux permanece em silêncio sobre o julgamento das medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A deliberação ocorre em plenário virtual da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e termina nesta segunda-feira (21). Fux é o único integrante que ainda não votou, enquanto a maioria já seguiu o relator Alexandre de Moraes.
Na última sexta-feira (18), Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro, além da proibição de contato com o deputado Eduardo Bolsonaro, circulação noturna e aproximação de embaixadas. A decisão, que acirra os ânimos no ambiente político e jurídico, foi referendada por Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino, que citou “possibilidade concreta de fuga” do ex-presidente.
O Farol Diário apurou que o silêncio de Fux tem sido interpretado como estratégico. De acordo com o regimento do STF, ministros não são obrigados a votar no plenário virtual, mas sua ausência pode sinalizar desconforto com a condução do caso. Em outras ocasiões, Fux já divergiu de Moraes, especialmente nos processos ligados aos atos de 8 de janeiro.
Entre os episódios que marcaram essa distância está a defesa, por parte de Fux, da distinção entre atos preparatórios e tentativa de golpe, além de críticas à delação de Mauro Cid. No julgamento de uma manifestante que pichou uma estátua da Justiça, Fux propôs pena de um ano e meio, contra os 14 anos em regime fechado sugeridos por Moraes.
O impasse ganha contornos internacionais após os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, suspenderem o visto de Moraes, de seus familiares e de aliados no STF. A retaliação foi anunciada pelo secretário de Estado Marco Rubio, em resposta direta às decisões contra Bolsonaro, aumentando a pressão sobre os ministros e lançando dúvidas sobre a coesão interna da Corte.
A expectativa é de que, caso Fux decida se manifestar, seu voto possa redefinir o tom do Supremo diante de um cenário cada vez mais polarizado, tanto dentro quanto fora do país.