A montadora chinesa Neta Auto, que desembarcou no Brasil em 2024 com grandes ambições no mercado de veículos elétricos, está desmontando discretamente suas operações no país. A medida ocorre após o pedido de falência da controladora Hozon Auto na China, o que comprometeu os planos de expansão global da marca. Segundo apurou O Farol Diário, o site oficial e as redes sociais da Neta Auto foram desativados, e das concessionárias anunciadas, apenas uma segue em funcionamento.
A única loja ativa é a Potenza, no Rio de Janeiro. A unidade Novos Tempos, na Bahia, já encerrou atividades. Além disso, cerca de 400 veículos foram retirados do país nos últimos meses, restando apenas 300 unidades do estoque inicial de 700. Ainda assim, a empresa afirma manter um escritório em São Paulo e promete retomar as vendas em 2025, sob supervisão do governo chinês — promessa vista com ceticismo por analistas do setor.
Os números de vendas desmentem o discurso otimista. Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que apenas 59 veículos da Neta foram vendidos em 2025: 34 do modelo compacto Aya e 25 do SUV X. O aguardado modelo GT, lançado com destaque em 2024, já foi descontinuado.
O pedido de falência da Hozon Auto, formalizado em maio por um credor chinês, acelerou o colapso da marca. A imprensa internacional relata o fechamento de lojas da Neta em diversas cidades chinesas, inclusive em Xangai. As declarações do CEO da empresa, Fang Yunzhou, de que o Brasil era “prioridade máxima” da estratégia internacional, hoje soam distantes diante da retração generalizada.
Mesmo com a promessa de reorganização, especialistas apontam que o mercado brasileiro dificilmente voltará a ser relevante para a Neta Auto. A experiência da montadora reforça os riscos de dependência de marcas estrangeiras em um setor que, embora promissor, ainda é volátil e altamente competitivo — especialmente quando inserido em um cenário de intervenção estatal e incerteza econômica global.