Uma delegação de senadores brasileiros desembarca neste fim de semana em Washington D.C. para tentar reverter ou, ao menos, adiar a entrada em vigor das novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a produtos do Brasil. A missão ocorre em meio a um cenário diplomático delicado e denúncias de sabotagem interna por parte de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo senadores ouvidos pelo portal G1, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista político Paulo Figueiredo estariam atuando para boicotar encontros oficiais entre os parlamentares brasileiros e representantes do governo americano. A acusação é de que ambos tentam impedir que o grupo tenha acesso direto a interlocutores da gestão Trump, que tem se mostrado reticente em retomar negociações com o governo Lula.
A comitiva é liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. De acordo com ele, o objetivo principal da viagem é compreender os limites da posição norte-americana e, se possível, postergar a entrada das tarifas, previstas para 1º de agosto. “Queremos também esclarecer o que o governo americano exatamente quer negociar”, afirmou.
Apesar dos esforços do vice-presidente Geraldo Alckmin, que mantém diálogo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, as tratativas seguem estagnadas. A percepção no Planalto é que qualquer decisão relevante está concentrada nas mãos do próprio Donald Trump, que teria proibido formalmente sua equipe de avançar em discussões com Brasília.
A agenda da delegação inclui reuniões com empresários, parlamentares americanos, representantes da Câmara Americana de Comércio para o Brasil e visita ao Capitólio. A expectativa é de que os compromissos da terça-feira (29) sejam os mais decisivos. Entretanto, com o governo dos EUA fechado em torno das diretrizes do presidente republicano, o clima é de incerteza e tensão.
A movimentação política de Eduardo Bolsonaro e Figueiredo, caso confirmada, revela uma divisão interna que pode enfraquecer o esforço diplomático brasileiro num momento em que a coesão institucional seria essencial. O episódio, noticiado pela Revista Oeste, reforça as dificuldades do governo Lula em lidar com um cenário internacional cada vez mais politizado — e com pouco espaço para consensos. A cobertura é de O Farol Diário.
