O governo federal pretende incluir o Ministério da Defesa no pacote de ajuste fiscal, mas, segundo informações de bastidores, os cortes na pasta das Forças Armadas devem ser mais simbólicos do que estruturais. A análise no Palácio do Planalto é que a inclusão da Defesa ajudaria a atenuar as críticas ao pacote de contenção de despesas, demonstrando que os cortes não se concentram apenas nos programas voltados aos setores mais carentes da população. O ajuste deve focar, principalmente, em algumas modalidades de pensões militares.
Na segunda-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ampliar para seis o número de ministérios com despesas a serem ajustadas, sem citar qual seria a pasta adicional. A apuração da GloboNews, entretanto, indicou que o Ministério da Defesa é o mais provável a integrar essa lista. Lula estaria empenhado em demonstrar que o esforço fiscal inclui setores mais favorecidos, buscando ampliar a abrangência dos cortes para além dos programas sociais.
O governo, no entanto, procura evitar o uso de termos como “cortes” ou “redução de despesas”, preferindo a expressão “ajuste” para suavizar a comunicação das medidas junto à opinião pública. Esse cuidado também reflete uma preocupação com o impacto na popularidade do governo e na base de apoio, especialmente considerando que a previdência militar é considerada mais deficitária do que o regime geral do INSS, conforme já mencionado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, em declarações anteriores.
Além do Ministério da Defesa, outras medidas podem ser antecipadas para atingir setores mais abastados da sociedade. Com esse movimento, a equipe econômica pretende diluir a percepção de que o ajuste fiscal estaria comprometendo os mais pobres. Já se sabe, por exemplo, que o seguro-desemprego e o reajuste vinculado do salário mínimo às aposentadorias devem ficar fora do pacote de ajustes, assim como mudanças nos pisos constitucionais de Saúde e Educação, que devem ter suas despesas limitadas à inflação, com aumento adicional de 2,5%.
A decisão final sobre o pacote de ajuste fiscal, segundo fontes do Planalto, pode ser anunciada somente ao final de novembro, após a cúpula do G20. Em meio a uma série de reuniões, auxiliares de Lula afirmam que o presidente mantém uma postura cautelosa, com várias propostas ainda em avaliação.