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América Latina sob Risco: relatório aponta principais ameaças e oportunidades

Estudo revela desafios econômicos, políticos e sociais em seis países

Região enfrenta crime organizado, polarização política e incertezas econômicas

Um relatório divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Centro Adam Smith para a Liberdade Econômica, da Universidade Internacional da Flórida (FIU), aponta os principais riscos enfrentados por seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador e México. O estudo, intitulado Latin America Country Risk Index and Analysis, identificou os riscos sociais como a principal preocupação na região, seguidos pelos riscos políticos e econômicos.

Com base em três estudos realizados ao longo de 2024, o relatório destaca que o crime organizado e os altos índices de criminalidade são os maiores desafios sociais. No campo político, a polarização e a desconfiança nas instituições enfraquecem a governança, enquanto a inflação e o desemprego são os problemas econômicos mais críticos. A metodologia usada foi o método Delphi, que reuniu opiniões de especialistas de diferentes setores, mantendo suas identidades anônimas para garantir maior liberdade nas respostas.

O diretor do centro de estudos, Carlos Díaz-Rosillo, ressaltou que o levantamento pode servir como um guia estratégico para investidores: “Este estudo permite tomar decisões bem informadas, equilibrando riscos e oportunidades na América Latina”. O pesquisador principal, Erich de la Fuente, reforçou a importância de entender as tendências da região para lidar com os desafios de maneira eficaz.

Crime Organizado e Insegurança Dominam os Riscos Sociais

O estudo aponta o crime organizado como a maior ameaça social na região, destacando sua infiltração no governo e nas estruturas políticas. A situação é especialmente crítica na Colômbia, onde os grupos criminosos exercem controle territorial significativo. No México, a influência do narcotráfico nas eleições estaduais preocupa os especialistas, que veem pouca efetividade nas ações do governo.

A única exceção é El Salvador, onde as ações do governo de Nayib Bukele reduziram drasticamente os índices de criminalidade. No entanto, o relatório alerta que, apesar da queda da violência, o crime organizado ainda é uma ameaça relevante no país.

Polarização e Corrupção Aumentam os Riscos Políticos

A polarização política foi identificada como o maior risco político da América Latina, tornando mais difícil a implementação de reformas estruturais. A confiança nas instituições também despencou, especialmente devido à corrupção, que segue minando a credibilidade dos governos.

O relatório observa que, em países como El Salvador e México, há uma crescente perda de independência do sistema judicial e das instituições estatais. Um especialista argentino afirmou que a corrupção é inevitável em qualquer instituição que administra os recursos de terceiros, refletindo o ceticismo generalizado na região.

Inflação e Desemprego: Principais Obstáculos Econômicos

No âmbito econômico, a inflação e o desemprego foram os fatores de maior preocupação. A Argentina exemplifica esse cenário, com uma inflação acumulada de 117,80% em 2024, embora haja sinais de desaceleração nos últimos meses. O relatório aponta que, apesar das dificuldades, há otimismo quanto à recuperação econômica do país sob a liderança de Javier Milei.

No México, a preocupação se volta para a má gestão financeira da estatal PEMEX, considerada um fardo para o governo devido às suas dívidas e ineficiência administrativa. Segundo especialistas, a empresa depende de subsídios públicos e apresenta riscos para a estabilidade econômica do país.

Investimentos: Riscos e Oportunidades

O estudo revelou que, apesar dos desafios, os países latino-americanos continuam sendo vistos como mercados de alto potencial de crescimento. Na Argentina, 67% dos especialistas recomendaram investir, principalmente devido à confiança nas políticas econômicas de Milei. Por outro lado, El Salvador e México foram os países que geraram maior ceticismo, com quase metade dos especialistas desencorajando investimentos.

O relatório conclui que, para empresas e investidores interessados na América Latina, é essencial avaliar tolerâncias ao risco e desenvolver estratégias específicas para cada país. A instabilidade política e social pode representar desafios, mas também há oportunidades para aqueles que souberem navegar os riscos da região.


O Farol Diário segue acompanhando os desdobramentos desse estudo e suas implicações para o futuro da América Latina.

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