O Banco Central enviou uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões para a inflação de 2024 ter ultrapassado o limite superior da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano com alta de 4,83%, acima do teto de 4,5%, resultando no oitavo descumprimento desde a criação do sistema de metas, em 1999.
Assinada por Gabriel Galípolo, novo presidente do BC indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a carta atribui o desvio inflacionário principalmente aos impactos climáticos extremos, como a seca em diversas regiões e as enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo o BC, esses eventos climáticos elevaram significativamente os preços dos alimentos, contribuindo com 2,43 pontos percentuais para a inflação.
Além dos fatores climáticos, o documento destaca a persistente “inércia inflacionária”, fenômeno em que reajustes passados, como os de aluguéis e mensalidades escolares, pressionam a inflação futura. Esse elemento tem sido recorrente nas justificativas do BC e preocupa economistas para 2025.
Entre as medidas propostas para conter a alta inflacionária estão o controle da taxa Selic, a ancoragem das expectativas de inflação e o monitoramento dos preços administrados. Essas ações visam garantir a convergência da inflação à meta estabelecida, embora desafios persistam diante de fatores externos e internos.
A carta reforça o compromisso da autoridade monetária em manter a estabilidade econômica, mas evidencia as dificuldades enfrentadas em um cenário de instabilidades climáticas e pressões inflacionárias globais. Todas as cartas do BC desde 1999 estão disponíveis para consulta no perfil da Folha de S.Paulo na ferramenta Pinpoint, do Google.