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Sérvia vive maior onda de protestos em 25 anos após tragédia ferroviária

Manifestantes exigem investigação sobre o colapso da estação de trem que matou 15 pessoas e acusam o governo de corrupção e censura.

Maior protesto da Sérvia em 25 anos expõe crise de confiança no governo

Por dois dias, cidadãos de toda a Sérvia lotaram as ruas de Belgrado, culminando no maior protesto do país em um quarto de século. A mobilização deste sábado (15/03) desafiou até a suspensão do transporte público, imposta pelo governo em uma tentativa de conter a indignação coletiva. O estopim foi o desabamento da cobertura de uma estação de trem em Novi Sad, que matou 15 pessoas e trouxe à tona um histórico de suspeitas de corrupção e negligência governamental.

Desde a tragédia, ocorrida em 1º de novembro, a onda de manifestações levou à renúncia de figuras de alto escalão, como o prefeito de Novi Sad, Milan Djuric, e o primeiro-ministro Milos Vucevic. O movimento, impulsionado por estudantes, pede explicações sobre as causas do colapso, que envolveu empresas chinesas e aliados do Partido Progressista Sérvio (SNS), no poder desde 2012. A desconfiança cresceu após autoridades inicialmente negarem qualquer intervenção na estrutura da estação, para depois admitirem alterações não divulgadas anteriormente.

As críticas ao governo se intensificaram, ampliando o escopo da revolta para além da tragédia ferroviária. Manifestações têm denunciado corrupção sistêmica, censura à imprensa, nepotismo e até manipulação eleitoral. Na manifestação deste sábado, cerca de 275 mil a 325 mil pessoas tomaram as ruas da capital, segundo estimativas da ONG sérvia Arhiv javnih skupova. “Tudo indica que este é o maior protesto da história de Belgrado”, afirmou a entidade.

Diante da pressão crescente, o presidente Aleksandar Vucic descartou qualquer intenção de renunciar e tentou deslegitimar os protestos, sugerindo que seriam orquestrados por serviços de inteligência estrangeiros. Nos dias que antecederam a mobilização, ele chegou a ameaçar prender manifestantes considerados “arruaceiros” e declarou que “as ruas não ditarão as regras”. Ainda assim, após o ato, adotou um tom mais conciliador, reconhecendo que o governo precisa “mudar e aprender muito” diante da insatisfação popular.

A crise política na Sérvia se intensifica em um contexto de desconfiança nas instituições e de crescente repressão a opositores. Apesar das tentativas do governo de minimizar as manifestações, a escala da mobilização sugere que a pressão popular pode continuar, consolidando a tragédia de Novi Sad como um símbolo da luta contra a corrupção no país.

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