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Turquia vive onda de repressão após prisão de prefeito de Istambul

Governo de Erdogan prende mais de mil pessoas e endurece discurso contra manifestações; jornalistas também foram detidos

Mais de 1.100 pessoas foram detidas em toda a Turquia desde o início dos protestos contra a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal nome da oposição ao presidente Recep Tayyip Erdogan. A informação foi confirmada pelo ministro do Interior, Ali Yerlikaya, nesta segunda-feira (24). As manifestações, que já duram cinco dias, se espalharam pelo país mesmo com a proibição de reuniões em locais públicos em várias cidades.

A prisão de Imamoglu, ordenada por um tribunal no último domingo sob acusações de corrupção, provocou uma reação em massa. As acusações são negadas pelo prefeito, que as classificou como “calúnias inimagináveis”. A decisão da Justiça foi imediatamente contestada pelo Partido Republicano do Povo (CHP), legenda de Imamoglu, que vê motivação política por trás do processo e tem liderado a convocação de protestos em todo o país.

Apesar do caráter pacífico da maioria das manifestações, o governo de Erdogan trata os atos como ameaça à ordem pública. Segundo Yerlikaya, 123 policiais ficaram feridos durante os protestos. “Não permitiremos o terror nas ruas”, declarou o ministro. O governo insiste que a Justiça age de forma independente, mas as prisões em massa levantam dúvidas sobre essa narrativa.

O cerco também atingiu a imprensa: pelo menos nove jornalistas foram detidos enquanto cobriam os protestos, entre eles um fotógrafo da agência France Presse (AFP), conforme informou o Sindicato dos Jornalistas da Turquia. Não foram fornecidos detalhes sobre os motivos das detenções.

O porta-voz do partido governista AK, Omer Celik, afirmou que os protestos convocados pelo CHP buscam encobrir os próprios erros da oposição. Embora tenha reconhecido que protestar é um direito fundamental, criticou a linguagem utilizada pelo partido, alegando que ela não seria compatível com uma manifestação democrática.

O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos na Turquia, onde a repressão estatal e o uso político do Judiciário voltam a levantar alertas sobre o estado da democracia no país.

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