Durante o julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado, o ex-desembargador Sebastião Coelho foi detido nesta terça-feira, 25, por desacato e ofensas dirigidas ao Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio tumultuado ocorreu antes mesmo de Coelho ingressar no plenário da Primeira Turma, quando gritou palavras de ordem e interrompeu a leitura do relatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Coelho, que atua como advogado de Filipe Martins — ex-assessor da Presidência — foi contido por policiais judiciais e retirado do local. A ordem para registro de boletim de ocorrência partiu do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso. Segundo o STF, após os procedimentos legais, o advogado deverá ser liberado. O julgamento prosseguiu normalmente, com a leitura do relatório e o posicionamento do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Natural de Santana de Ipanema (AL), Sebastião Coelho se aposentou em 2022 após atuar no TJDFT. Desde então, tornou-se uma voz crítica ao STF e passou a advogar em casos ligados aos eventos de 8 de janeiro. Ele já havia chamado atenção ao defender Aécio Pereira, condenado a 17 anos de prisão, e por afirmar que os ministros da Corte seriam “as pessoas mais odiadas do país”.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu investigação contra Coelho em 2023, incluindo a quebra de seu sigilo bancário por suspeita de incitação a atos golpistas. Seu comportamento combativo e participação em julgamentos de alta tensão judicial têm ampliado a polêmica sobre o papel de ex-magistrados na política e no ativismo jurídico.
O julgamento em curso no STF poderá transformar Bolsonaro e outros sete aliados em réus, caso a denúncia por tentativa de golpe e abolição violenta do Estado democrático de direito seja aceita. O episódio com Coelho escancara o ambiente de tensão que permeia as sessões da Corte, especialmente quando figuras alinhadas à oposição se manifestam de forma incisiva.
O Farol Diário segue acompanhando o desenrolar dos julgamentos e seus desdobramentos políticos e jurídicos.