O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira, 24, que participará da manifestação marcada para o dia 6 de abril, em apoio à anistia dos presos e condenados pelos atos de 8 de Janeiro. O evento, organizado por setores bolsonaristas, ocorre em meio ao crescente debate sobre o peso das penas aplicadas aos envolvidos nas invasões aos prédios dos Três Poderes, em 2023.
Durante entrevista, Nunes criticou o voto do ministro Alexandre de Moraes, acompanhado por Flávio Dino, que impôs 14 anos de prisão à cabeleireira Débora Rodrigues, flagrada pichando a estátua “A Justiça”, símbolo do STF. O prefeito disse estar “com o coração machucado” ao ver o rigor da pena imposta à manifestante, mãe de dois filhos e sem antecedentes criminais. Para ele, o caso expõe uma distorção jurídica em relação a criminosos de alta periculosidade que recebem penas mais brandas.
Nunes ponderou que, apesar de respeitar o Judiciário, considera legítimo que cidadãos se manifestem de forma ordeira para questionar excessos. “É importante refletir sobre isso. Não tem sentido colocar uma pena tão grave por uma pichação com batom, enquanto outros crimes mais graves são tratados com mais leniência”, declarou o chefe do Executivo paulistano ao Farol Diário.
O prefeito também aproveitou a ocasião para alfinetar seu antigo rival nas urnas, Guilherme Boulos (PSOL), lembrando episódios de invasões lideradas pelo psolista que, segundo ele, não resultaram em nenhuma punição. “Invadiu o Ministério da Fazenda, depredou a Fiesp. Pegou quantos dias de prisão? Nenhum”, afirmou Nunes, destacando o contraste no tratamento jurídico.
Com o apoio do eleitorado conservador na última eleição municipal, Nunes foi reeleito com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e aceitou o coronel Mello Araújo como vice, nome diretamente indicado pelo PL. Sua participação na manifestação do dia 6 sinaliza a tentativa de manter esse eleitorado engajado e, ao mesmo tempo, reforça sua crítica à condução do STF diante dos eventos de janeiro de 2023.
O julgamento de Débora Rodrigues está atualmente suspenso por um pedido de vista do ministro Luiz Fux. A Procuradoria-Geral da República a acusa de cinco crimes, incluindo golpe de Estado e dano ao patrimônio tombado. Mesmo reconhecendo que a ação da cabeleireira foi errada, o prefeito defende que a dosimetria da pena precisa ser revista, em nome da razoabilidade e da justiça proporcional.