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China transforma 90 milhões de hectares para garantir autonomia alimentar

Plano estratégico do governo chinês prevê a conversão de terras até 2030 e uso intensivo de tecnologia no campo até 2028

Em mais um movimento para reduzir sua dependência de importações e reforçar a segurança alimentar, a China anunciou neste domingo (30) um plano estratégico para transformar 90 milhões de hectares em terras agrícolas de alto padrão até 2030. A medida, definida como essencial pelo Conselho de Estado, visa ampliar a produção de grãos em solo nacional, diante de um cenário internacional cada vez mais instável.

O projeto prevê ainda que, até 2035, todas as “terras agrícolas básicas permanentes elegíveis” sejam convertidas, protegendo-as de qualquer mudança para uso não agrícola. A estratégia do governo de Xi Jinping busca reverter a tendência histórica de declínio da área arável no país, que começou a ser contida a partir de 2021.

As chamadas terras agrícolas de alto padrão serão equipadas com infraestrutura de irrigação eficiente, controle de desastres climáticos e tecnologias de agricultura de precisão. Essas melhorias permitirão maior produtividade e resiliência frente a eventos extremos, como secas e inundações – pontos críticos para um país que busca estabilidade interna e menor vulnerabilidade externa.

Dados oficiais mostram que até o final de 2024, mais de 66,6 milhões de hectares já haviam sido convertidos. Em paralelo, a China registra recordes de produção: 706,5 milhões de toneladas de grãos em 2024, crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior. O limite mínimo de terras aráveis no país é de 124,33 milhões de hectares, segundo estatísticas locais.

Regiões como Xinjiang já lideram a transformação, com quase metade das terras aráveis convertidas até o fim de 2022. Além da expansão física, o governo aposta na digitalização do campo: um plano quinquenal lançado para 2024-2028 prevê uso intensivo de big data, GPS e inteligência artificial para impulsionar a chamada agricultura inteligente.

Para os leitores de O Farol Diário, o movimento chinês revela como a gestão da terra e da tecnologia pode servir a um objetivo maior de soberania. Em um mundo onde a segurança alimentar se torna questão geopolítica, Pequim oferece um exemplo de pragmatismo estatal – ainda que autoritário –, na busca por resiliência frente às turbulências globais.

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