Varsóvia, O Farol Diário – A presença militar dos Estados Unidos na Polônia, historicamente vista como pilar da segurança nacional do país desde o fim do comunismo, tornou-se tema central do debate político às vésperas das eleições presidenciais. Apesar de garantias de que não haverá retirada de tropas, a possível redistribuição de forças americanas tem levantado temores sobre o comprometimento de Washington com a defesa do leste europeu.
Durante visita a Varsóvia, o Secretário de Defesa de Donald Trump, Pete Hegseth, reafirmou o compromisso dos EUA com a segurança da Polônia, enquanto o Pentágono conduz uma revisão global da posição militar americana. Autoridades polonesas, incluindo o presidente Andrzej Duda e o primeiro-ministro Donald Tusk, insistem que se trata apenas de um “reposicionamento” técnico e previamente acordado. Ainda assim, observadores veem sinais de recuo geoestratégico diante do foco declarado da nova administração americana na China.
O general Christopher Cavoli, comandante das forças dos EUA na Europa, afirmou ao Congresso que é favorável à manutenção do contingente atual no continente. Mesmo assim, a revisão em curso levanta dúvidas. A representante do Pentágono, Katherine Thompson, explicou que nenhuma decisão definitiva foi tomada, mas reconheceu que interesses econômicos estão pesando na balança.
Críticos da medida, como o cientista político Bartosz Wielinski e o ex-chanceler Jacek Czaputowicz, afirmam que essa reconfiguração militar enfraquece o Ocidente frente à Rússia e pode ser interpretada por Moscou como sinal verde para avançar na sua política expansionista. George Scutaru, da Romênia, e analistas poloneses como Kacprzyk temem que o gesto seja visto como concessão à Rússia, abalando a credibilidade dos EUA como aliado confiável na região.
A polêmica ganhou força no cenário doméstico polonês. O ex-primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, do partido oposicionista Lei e Justiça (PiS), acusou o atual governo de passividade diante da mudança e criticou o que chamou de “abandono da aliança estratégica” construída por Duda com Washington. A questão militar promete ser um dos pontos centrais na reta final da campanha eleitoral, refletindo as tensões entre uma Polônia pró-OTAN e um Ocidente em reconfiguração.