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Ex-primeira-dama do Peru foge para embaixada brasileira

Condenada por corrupção junto ao ex-presidente Ollanta Humala, Nadine alegou problemas de saúde e agora busca refúgio político em solo brasileiro.

Brasília – O Farol Diário – A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, recebeu asilo diplomático do Brasil após ser condenada por corrupção em seu país junto ao marido, o ex-presidente Ollanta Humala. Heredia, que não compareceu à leitura da sentença no último dia 15, foi encontrada na Embaixada do Brasil em Lima, onde buscou refúgio alegando problemas de saúde, incluindo um câncer em tratamento, segundo seu advogado no Brasil, Marco Aurélio de Carvalho.

Heredia havia solicitado autorização prévia para vir ao Brasil em busca de tratamento médico, mas o pedido foi negado pela Justiça peruana, pois o processo ainda estava em curso. Com a sentença final lida, uma operação de busca e apreensão foi realizada em sua residência, revelando que ela já havia se abrigado na representação diplomática brasileira. O governo do Peru concedeu salvo-conduto para que ela e seu filho mais novo deixassem o país, citando razões humanitárias.

O ex-presidente Humala, por sua vez, foi preso imediatamente após o julgamento e levado a uma base policial reservada para ex-líderes condenados por corrupção. Ele foi sentenciado por ter recebido cerca de US$ 3 milhões da Odebrecht e outros US$ 200 mil do governo venezuelano, à época sob Hugo Chávez, para financiar suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011.

Heredia, que também foi condenada, teve participação ativa na gestão do Partido Nacionalista Peruano e na arrecadação de fundos ilícitos durante o mandato do marido. A promotoria alegou que ela gerenciava diretamente os repasses ilegais, inclusive os oriundos do governo de Chávez. A defesa nega as acusações e planeja recorrer da decisão, marcada para ser finalizada em 29 de abril.

O caso levanta debates sobre a politização do Judiciário na América Latina. Advogados de defesa de Humala comparam os métodos usados pelos promotores peruanos aos da Operação Lava Jato no Brasil, criticando supostos abusos processuais. Em meio às tensões diplomáticas, o Brasil decidiu conceder o asilo com base na Convenção de 1954 sobre Asilo Diplomático, da qual ambos os países são signatários.

O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos desse episódio, que une política, justiça e diplomacia em um dos casos mais emblemáticos da recente história sul-americana.

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