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Brasil amplia liderança em energia limpa com avanço de fontes não hídricas

Projeções apontam que fontes solar, eólica e biomassa superarão hidrelétricas na matriz elétrica até 2029, em meio a bilhões em investimentos e novos desafios regulatórios.

Brasil avança na liderança global em energia limpa, com foco em fontes sustentáveis além das tradicionais hidrelétricas. Segundo projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), até 2029, as fontes solar, eólica e de biomassa representarão 51% da capacidade instalada do país, superando pela primeira vez a participação das hidrelétricas, que cairá para 41,5%. Essa virada energética coloca o país em destaque às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para novembro em Belém (PA).

A mudança reflete uma transformação profunda. Há 20 anos, mais de 84% da eletricidade brasileira vinha de usinas hidrelétricas, consideradas limpas por não emitirem gases poluentes, mas criticadas por seus impactos ambientais e pela vulnerabilidade diante de secas prolongadas. O impulso a novas fontes é impulsionado por investimentos robustos, com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimando aportes de ao menos R$ 255 bilhões em projetos renováveis em todo o país.

Diversas empresas estão na linha de frente dessa transição. A Eletrobras investe R$ 2,4 bilhões em um parque eólico no Rio Grande do Sul e aposta em sinergias entre fontes renováveis. Já a Helexia, do Grupo Voltalia, aplica R$ 1,2 bilhão em projetos solares, enquanto a Enel Green Power dobra sua capacidade no país com novas usinas na Bahia e em Minas Gerais. A Energisa, por sua vez, amplia sua presença com 117 usinas solares e investe em bioenergia a partir de resíduos agrícolas.

Apesar do otimismo, especialistas alertam para desafios estruturais. A gestão das fontes intermitentes, como solar e eólica, ainda esbarra em limitações da infraestrutura de transmissão e armazenamento. O governo planeja realizar ainda este ano o primeiro leilão de baterias, na tentativa de integrar essas fontes de forma mais eficiente ao sistema nacional.

Entidades ambientais, embora vejam com bons olhos o avanço das renováveis, alertam para os impactos locais. Projetos eólicos no Nordeste têm sido alvo de críticas por desequilíbrios ecológicos e conflitos com comunidades vulneráveis. Casos como esses revelam a necessidade de uma regulação mais firme e de planejamento responsável — ponto crucial para que o Brasil continue a se destacar, sem repetir os erros do passado.

Assim, O Farol Diário acompanha de perto a guinada verde do setor energético nacional, que promete colocar o país como protagonista global — desde que haja equilíbrio entre inovação, sustentabilidade e respeito social.

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