São Paulo — O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como vice-presidente, foi alvo da Polícia Federal por suspeita de integrar um esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios do INSS. De acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), o faturamento da entidade saltou de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões entre 2021 e 2023, mesmo período em que o número de associados mais que dobrou.
Desde 2010, o Sindnapi mantém um acordo com o INSS permitindo o desconto em folha de mensalidades de aposentados. O crescimento explosivo de filiações e faturamento levantou suspeitas após a Controladoria-Geral da União (CGU) apontar que, entre 26 aposentados entrevistados, 20 afirmaram não ter autorizado filiação ao sindicato, apesar dos descontos registrados em seus benefícios.
O sindicato, hoje liderado por Milton Cavalo, aliado do ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT), nega irregularidades e afirma ter comprovação documental das filiações. Ainda assim, a prática de associar aposentados no momento da contratação de crédito consignado foi criticada pelo TCU, que identificou o que seria uma “venda casada” entre filiação e empréstimos. Apesar das evidências, o Tribunal evitou aplicar sanções mais rigorosas às entidades envolvidas.
O episódio evidenciou também um racha político interno. Fundado por Paulinho da Força (Solidariedade), o Sindnapi passou a ser comandado por Cavalo, o que gerou críticas públicas de Paulinho, que acusou o governo de Lula de omissão diante do “maior roubo ao trabalhador da história do país”. Frei Chico, filiado ao sindicato desde 2008, assumiu a vice-presidência apenas este ano, após o aumento expressivo nas filiações.
Em resposta às investigações, o Sindnapi reiterou ao jornal O Farol Diário que apoia a ação da Polícia Federal, refutou as cifras apontadas pela auditoria e atribuiu o crescimento ao aumento da procura por serviços de saúde e benefícios oferecidos durante a pandemia. A entidade defende a legalidade de suas práticas e afirma ter transparência na filiação dos aposentados.