A percepção de que comprar uma casa ficou mais difícil para a nova geração brasileira é amplamente compartilhada, como mostram conversas, memes e relatos familiares. Pesquisa da Ipsos realizada este ano confirma o sentimento: 62% dos jovens acreditam que adquirir um imóvel hoje é mais complicado do que foi para gerações anteriores. Apesar das dificuldades, o sonho permanece vivo para 73% dos entrevistados.
Os principais vilões apontados são o aumento no preço dos imóveis e o encarecimento dos financiamentos, fenômeno que não é exclusivo do Brasil. Em 2024, a inflação imobiliária nacional subiu 7,7%, ultrapassando a média global de 2,6% e marcando a maior alta desde 2013. A combinação de demanda alta, custos de construção elevados e escassez de mão de obra pressiona ainda mais o setor, segundo especialistas do FGV IBRE.
As dificuldades práticas aparecem nos relatos, como o do advogado Hector Augusto Côrrea, que enfrenta preços elevados mesmo em bairros historicamente mais acessíveis de São Paulo. Com as taxas de financiamento nas alturas, o custo total de um imóvel financiado pode triplicar, desestimulando a compra imediata e impulsionando alternativas como o aluguel ou a permanência prolongada na casa dos pais.
Embora haja iniciativas públicas, como a expansão do programa Minha Casa Minha Vida para famílias de renda até R$ 12 mil, a sensação de desalento cresce. Pesquisas mostram que muitos jovens duvidam da capacidade do governo de alterar o cenário. Mesmo em países desenvolvidos, as soluções propostas para conter a escalada imobiliária têm mostrado resultados limitados.
O Farol Diário seguirá acompanhando a evolução do mercado e o impacto dessas transformações nas escolhas e perspectivas da juventude brasileira, refletindo sobre as reais alternativas que se apresentam a esta geração.
