O Brasil foi o 6º país que mais perdeu milionários em 2024, com ao menos 800 pessoas com patrimônio acima de US$ 1 milhão deixando o país, segundo levantamento da consultoria Henley & Partners. A maioria escolheu Portugal como novo lar — um destino que tem se consolidado como refúgio de segurança, estabilidade e qualidade de vida para famílias brasileiras de alta renda.
O fenômeno, longe de ser apenas estatístico, tem implicações diretas na economia e na confiança dos investidores no país. Segundo Magda Portugal, CEO da Portogallo Family Office, os principais motivos do êxodo são a insegurança urbana, o temor fiscal diante das propostas de taxação sobre grandes fortunas defendidas pelo governo Lula, a instabilidade política e econômica, e a busca por serviços públicos de padrão internacional.
A perda de milionários representa um duplo impacto: além de reduzir o potencial de receita interna, afeta negativamente setores como o mercado de luxo, a gastronomia e os investimentos em inovação. Muitos dos que deixam o Brasil são empreendedores que passam a gerar empregos qualificados e a movimentar economias de países mais receptivos a capital privado — como os Emirados Árabes, EUA, Canadá e, sobretudo, Portugal.
Portugal desponta como principal destino dos brasileiros ricos. Cidades como Cascais têm atraído famílias inteiras, oferecendo clima ameno, escolas internacionais, imóveis sofisticados e, não menos importante, um ambiente fiscal mais previsível. A facilidade de obtenção da cidadania portuguesa e a proximidade cultural ajudam a explicar o apelo.
O movimento não é isolado. Mais de 60% dos bilionários que migram pelo mundo são empreendedores — agentes econômicos de alto impacto. “Um migrante que leva US$ 10 milhões para outro país equivale à mesma receita cambial de US$ 10 milhões em exportações”, destaca o relatório da Henley. No momento, o Brasil parece falhar em garantir segurança jurídica e estabilidade para manter essa elite produtiva no país.
O Farol Diário seguirá acompanhando o impacto dessa evasão no ambiente econômico nacional — e o que o Estado brasileiro poderia (ou deveria) fazer para reverter esse fluxo.