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Harvard expõe crise interna com aumento de antissemitismo no campus

Documento de 311 páginas aponta discriminação sistemática e teme repressão a vozes pró-Israel; publicação simultânea com relatório sobre islamofobia causa polêmica

Discriminação crescente contra estudantes judeus em Harvard veio à tona em um relatório de 311 páginas divulgado em 30 de abril, com destaque para episódios de hostilidade e exclusão intensificados após os ataques terroristas do Hamas contra Israel, em outubro de 2023. Segundo o levantamento, conduzido por uma comissão interna, quase 60% dos estudantes judeus relataram sofrer preconceito por suas posições políticas ou apoio ao Estado de Israel.

A investigação, inicialmente prometida apenas para o segundo semestre de 2024, foi antecipada em meio à pressão de parlamentares ligados ao ex-presidente Donald Trump, que exigiram acesso imediato ao relatório e identificação dos responsáveis por sua redação. Foram realizadas mais de 50 sessões presenciais com cerca de 500 membros da comunidade acadêmica, além de uma pesquisa com 2.295 participantes.

Entre os casos citados estão relatos de alunos sendo informados de que “sionistas não são bem-vindos”, exclusão de autores israelenses de bibliografias e medo entre docentes de contratar pesquisadores israelenses. Um dado alarmante indica que três em cada quatro estudantes judeus sentem que podem ser punidos academicamente por expressarem suas opiniões sobre Israel, num ambiente universitário que, em tese, deveria promover liberdade intelectual.

No mesmo dia, Harvard também divulgou um segundo relatório, focado em islamofobia e discriminação contra árabes e palestinos. Embora a coexistência dos documentos busque sinalizar equilíbrio, a tentativa de equiparação foi alvo de críticas. Para a ex-professora Ruth Wisse, especialista em literatura judaica, equiparar as duas formas de preconceito revela uma falta de seriedade da universidade diante do antissemitismo recorrente.

O presidente Alan Garber declarou que Harvard não tolerará nenhum tipo de preconceito e anunciou novas medidas institucionais, como o incentivo à pesquisa sobre antissemitismo e iniciativas voltadas à diversidade de pensamento. Porém, o momento revela o esgotamento da retórica progressista diante de tensões identitárias que ela mesma ajudou a exacerbar.

A reportagem completa será publicada em O Farol Diário, com análises sobre o impacto desses relatórios nas políticas de financiamento federal e na liberdade acadêmica nos EUA.

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