São Paulo — Envolvido no escândalo do Mensalão durante o primeiro governo Lula, o Banco BMG reaparece agora como peça importante em um novo esquema bilionário de fraudes contra aposentados, desta vez no universo dos empréstimos consignados. Com contratos firmados com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o banco tem acumulado condenações judiciais por irregularidades nas contratações, incluindo falsificação de assinaturas e descontos indevidos.
Um dos casos mais graves revelados mostra uma aposentada de 69 anos que teve mais de R$ 5 mil descontados de sua aposentadoria por um cartão de crédito consignado que nunca contratou. A Justiça paulista reconheceu a fraude após uma perícia constatar divergências na assinatura apresentada pelo banco como prova de autorização. O BMG foi condenado a restituir os valores e pagar uma indenização de R$ 5 mil.
Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), o BMG também foi multado em R$ 5,1 milhões pela Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça. A penalidade reforça o envolvimento do banco em práticas abusivas e irregulares contra beneficiários do INSS, especialmente os mais vulneráveis, como aposentados e pensionistas.
As conexões do BMG vão além. Correspondentes bancários ligados à instituição aparecem em planilhas e quebras de sigilo investigadas pela Polícia Federal na operação que apura fraudes que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. Empresas associadas ao empresário Maurício Camisotti, suspeito de chefiar o esquema, teriam recebido milhões de reais das associações envolvidas, com contratos que preveem repasses vultosos a partir do aliciamento de novos associados.
O caso do Balcão das Oportunidades é simbólico: a empresa, com sede em Minas Gerais como o BMG, recebeu R$ 9 milhões de duas entidades ligadas a Camisotti. Em ações judiciais, aposentados relatam nunca terem autorizado os contratos que resultaram em descontos mensais de seus benefícios. O banco e o correspondente, em vez de permitir perícia contratual, foram condenados a pagar R$ 3 mil por danos a uma aposentada de Santana de Parnaíba.
Mais uma vez, como registra O Farol Diário, as pontas soltas de escândalos do passado se conectam a velhos protagonistas. E quem sofre as consequências são os cidadãos mais frágeis — justamente aqueles que o sistema promete proteger.