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Brasil registra o menor número de nascimentos desde 1976

IBGE aponta que mulheres estão adiando a maternidade e que mudanças sociais, econômicas e culturais influenciam diretamente a queda na taxa de nascimentos.

Número de nascimentos no Brasil atinge o menor nível em quase 50 anos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (16). Em 2023, foram registrados 2,52 milhões de nascimentos, o que representa uma queda de 0,7% em relação ao ano anterior. O dado marca o quinto ano consecutivo de retração e coloca o país diante de um novo retrato demográfico.

A redução observada é ainda mais expressiva quando comparada com os cinco anos anteriores à pandemia de covid-19 (2015 a 2019), cuja média anual de nascimentos era de 2,87 milhões — ou seja, houve uma queda de 12%. O número atual só é comparável ao de 1976, quando o Brasil registrou 2,467 milhões de nascimentos.

Apesar da tendência de queda, especialistas do IBGE alertam que os números atuais refletem melhor a realidade, já que o sub-registro — ou seja, nascimentos que não eram oficialmente registrados — era comum em décadas passadas. A gerente da pesquisa, Klivia Brayner de Oliveira, aponta que os dados de hoje são mais confiáveis graças à estrutura dos cartórios e à obrigatoriedade do registro civil.

O principal fator para essa mudança é o adiamento da maternidade. Mulheres brasileiras estão priorizando carreira, educação e estabilidade financeira antes de decidir ter filhos. Em 2003, 20,9% dos nascimentos foram de mães com até 19 anos; esse número caiu para 11,8% em 2023. Por outro lado, a faixa etária de 30 anos ou mais saltou de 23,9% para 39% dos nascimentos no mesmo período.

Há, porém, diferenças regionais marcantes. No Norte e Nordeste, ainda é comum a maternidade precoce: estados como Acre e Amazonas registram mais de 20% dos nascimentos de mães adolescentes. Já no Sudeste e Sul, a maternidade tardia predomina, com destaque para o Distrito Federal, onde quase metade das mães tinha 30 anos ou mais. Segundo o IBGE, fatores culturais e falta de acesso a serviços básicos de saúde e educação influenciam esse cenário.

O Farol Diário acompanhará os desdobramentos dessas transformações demográficas que, embora vistas como parte de uma tendência global, revelam contradições e desafios específicos da realidade brasileira — incluindo o impacto de políticas públicas, a crescente estatização da vida privada e o peso de decisões individuais diante de um Estado cada vez mais presente.

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