Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou falhas em cerca de 31% das cisternas entregues por uma ONG intimamente ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), responsável por executar a maior parte do programa federal voltado ao acesso à água no semiárido. Segundo reportagem do jornal O Globo, a entidade Associação Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (P1MC) concentrou R$ 640,1 milhões dos R$ 755,8 milhões disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento Social em 2023 — o equivalente a 85% do total.
A P1MC é presidida por dois filiados históricos do PT, com vínculos partidários desde 1987. A centralização dos recursos nesta entidade ocorre graças a um modelo de contratação que prioriza ONGs com experiência anterior na área. A estratégia, no entanto, levanta questionamentos sobre a transparência e diversidade na aplicação dos recursos públicos.
O programa de cisternas foi lançado no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de garantir acesso à água potável para famílias vulneráveis em regiões áridas do país. Com a retomada da gestão petista, houve uma ampliação do orçamento e do número de contratos firmados com entidades parceiras — boa parte delas com laços políticos com o próprio partido.
Além da P1MC, outras 37 ONGs foram subcontratadas para executar partes do projeto, recebendo juntas R$ 152 milhões até agora. Muitas dessas entidades também possuem vínculos com o PT, o que reforça críticas sobre o uso de programas sociais como ferramenta de influência política em comunidades carentes.
O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos do caso, sobretudo os resultados de novas auditorias e possíveis medidas de responsabilização. O episódio reacende o debate sobre a necessidade de revisão nos critérios de repasse de recursos públicos a entidades privadas, mesmo com finalidade social.