Mais uma viagem internacional do presidente Lula terminou com constrangimentos em vez de aplausos. A passagem pela China, que deveria destacar acordos bilionários e parcerias estratégicas, foi eclipsada pela polêmica envolvendo a primeira-dama Janja e um suposto pedido de intervenção da China no funcionamento do TikTok no Brasil. O episódio causou desconforto entre ministros e prejudicou a imagem do governo.
Segundo fontes próximas ao Planalto, Lula foi alertado por auxiliares para conter a atuação pública de Janja, sob o argumento de “preservá-la”. Ignorando os conselhos, o presidente insistiu na exposição da esposa, o que acabou contribuindo para mais um ruído diplomático. O incômodo se espalhou entre ministros, que veem a influência da primeira-dama como desproporcional e politicamente onerosa.
Não bastasse o episódio com Janja, Lula aumentou a crise ao admitir a confusão e cobrar seus ministros de maneira pública. A postura reforça uma crítica recorrente: a de que o presidente tem atuado como seu próprio opositor, sabotando iniciativas do governo com declarações intempestivas. Já são ao menos três viagens marcadas por falas polêmicas que roubaram os holofotes de pautas diplomáticas relevantes.
“Só na atual gestão já foram falas sobre a guerra na Ucrânia, o Holocausto em Gaza e agora o TikTok. Três crises evitáveis, todas em viagens oficiais”, lamenta um ministro em caráter reservado. A percepção é de que falta estratégia e coordenação para lidar com temas sensíveis, especialmente quando Lula se distancia do script preparado por seus assessores.
Em abril de 2023, após viagem aos Emirados Árabes, Lula culpou EUA e Europa por prolongarem a guerra na Ucrânia, provocando mal-estar diplomático. Em julho, foi a vez da fala infeliz sobre a escravidão africana durante visita a Cabo Verde. E, em fevereiro de 2024, Lula causou repúdio internacional ao comparar o conflito em Gaza com o extermínio de judeus promovido por Hitler.
Para integrantes do governo, o padrão é claro: boas intenções diplomáticas acabam sabotadas por discursos mal calibrados e pela insistência em figuras que não respeitam os limites institucionais, como a própria primeira-dama. No fim, quem perde é a imagem internacional do Brasil — e, como de hábito, a conta recai sobre os ombros dos auxiliares mais próximos.