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Europa mira Brasil em nova ofensiva contra petróleo russo

A pressão da União Europeia sobre a Rússia afeta diretamente o mercado brasileiro de combustíveis e pode elevar preços nas bombas nos próximos meses

Berlim e Rio de Janeiro – A União Europeia lançou nesta terça-feira (20) seu 17º pacote de sanções contra a Rússia, com foco especial na chamada “shadow fleet”, frota de navios que transporta petróleo russo por rotas alternativas. Embora as medidas não interrompam totalmente o fluxo de combustíveis, a pressão já causa reflexos nos preços do diesel, combustível do qual o Brasil depende fortemente do país de Vladimir Putin.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), em 2024, 63,6% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia – um salto em relação aos 50,4% do ano anterior. O diesel russo tem sido um alívio para o déficit de 25% na produção nacional, especialmente diante da prioridade logística e do menor custo, que já foi até R$ 0,15 mais barato por litro do que o produto americano. Agora, a vantagem caiu para menos de R$ 0,04.

Apesar da pressão internacional, o presidente Lula, em visita a Moscou, reforçou os laços comerciais com o Kremlin, sob críticas da União Europeia por dialogar com autocratas em pleno agravamento do conflito na Ucrânia. O Planalto tem defendido que o Brasil é um parceiro pragmático e não se submeterá automaticamente a embargos impostos por potências ocidentais.

Grandes distribuidoras como Ipiranga e Vibra têm reduzido suas compras do diesel russo, temendo sanções, enquanto empresas menores continuam recorrendo aos embarques que chegam, após 24 dias de viagem, pelos portos do norte europeu até Santos. Segundo especialistas, novas rodadas de sanções poderão encarecer o combustível e gerar insegurança para importadores privados.

A Petrobras, por sua vez, não compra diesel da Rússia, optando por fornecedores nos EUA, Índia e países árabes. Ainda assim, o setor teme que a escalada das medidas – como a possível redução do teto do preço para o petróleo russo pelo G7 – afete ainda mais os custos para o consumidor brasileiro. O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos dessa crise com impacto direto no bolso dos brasileiros.

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