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EUA entram no jogo da energia de Itaipu e ameaçam interesses brasileiros

Declarações de Marco Rubio sobre uso de energia paraguaia para projetos de IA nos EUA elevam tensão nas negociações do Anexo C de Itaipu

Washington coloca Itaipu no radar da inteligência artificial. Em uma audiência no Senado americano, o secretário de Estado Marco Rubio defendeu que os Estados Unidos comprem energia excedente do Paraguai, gerada na hidrelétrica binacional de Itaipu, para alimentar centros de desenvolvimento de inteligência artificial. A fala revela um movimento estratégico da Casa Branca que pode impactar diretamente os interesses brasileiros na renegociação do tratado energético com o país vizinho.

Rubio destacou que o avanço das tecnologias emergentes exigirá uma quantidade de energia além da capacidade atual do planeta. Para ele, isso cria uma oportunidade para nações com excedente energético, como o Paraguai, que divide a produção de Itaipu com o Brasil. “Eles não podem colocar a energia num tanque e transportar pelo mar. Então alguém esperto precisa ir ao Paraguai e abrir uma instalação de IA”, provocou o secretário.

A declaração teve imediata repercussão no setor energético sul-americano. Especialistas alertam que a proposta americana reforça o poder de barganha paraguaio justamente no momento mais delicado das tratativas sobre o chamado “Anexo C” — o acordo que define as regras para o uso e venda da energia excedente de Itaipu. Segundo Luiz Eduardo Barata, ex-diretor do ONS, “sem dúvidas isso vai dificultar a discussão entre Brasil e Paraguai”.

A parceria energética entre Brasil e Paraguai, historicamente consolidada por meio de Itaipu, enfrenta instabilidades desde o vencimento do antigo acordo em 2023. Embora os dois países tenham avançado, em fevereiro, na redação de um novo Anexo C, o cronograma foi travado após um incidente diplomático envolvendo a suspeita de espionagem da Abin em sistemas paraguaios.

Agora, com os EUA interessados em parte dessa energia para seus próprios projetos de alta tecnologia, o Paraguai ganha novas cartas na mesa de negociação. O Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos dessa disputa geopolítica que une diplomacia, energia e inteligência artificial em um mesmo tabuleiro.

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