A campanha digital lançada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para defender a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, não surtiu o efeito desejado. A mobilização veio após críticas à sua declaração durante um jantar com o presidente da China, Xi Jinping, na qual ela afirmou que o algoritmo do TikTok favorece conteúdos de direita no Brasil. A fala foi considerada uma quebra de protocolo diplomático e gerou novo desgaste político para o governo Lula.
Com a hashtag #EstouComJanja, a legenda tentou exaltar o papel da primeira-dama na defesa de um ambiente digital mais seguro, especialmente para mulheres, crianças e adolescentes. No entanto, o engajamento foi praticamente nulo. A tag não chegou aos trending topics do X (antigo Twitter) e tampouco apresentou volume relevante no Google Trends. No Instagram, foram menos de cem publicações em dois dias, evidenciando o fracasso da iniciativa.
A fala de Janja durante o encontro com Xi Jinping repercutiu negativamente entre opositores, que a acusam de deslumbramento e intervencionismo. De acordo com fontes presentes no jantar, o líder chinês teria respondido com diplomacia, afirmando que o Brasil tem plena autonomia para regular ou até banir a plataforma, se julgar necessário. A resposta, apesar de protocolar, foi vista como um sinal de que o comentário foi deslocado.
Não é a primeira vez que a atuação da primeira-dama levanta questionamentos. Sua presença frequente em eventos internacionais ao lado do presidente Lula, como no Festival de Cannes, alimenta críticas sobre um protagonismo político fora do padrão das funções do cargo. No campo da oposição, especialmente entre bolsonaristas, o comportamento de Janja é visto como um símbolo de um governo cada vez mais centralizador.
A tentativa do PT de conter o desgaste também revela um problema maior: a dificuldade da base governista em engajar digitalmente, mesmo em defesa de suas principais figuras. Enquanto isso, críticas nas redes continuam a se propagar com velocidade — especialmente quando partem de opositores mais organizados no ambiente virtual.
O episódio, mais uma vez, expõe o descompasso entre a estratégia de comunicação do governo e a realidade das redes sociais. No que depender da recepção digital, a primeira-dama ainda tem um longo caminho para conquistar a simpatia do público online. O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos.