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Sistemas do Passado, Riscos do Presente

De caixas eletrônicos a hospitais, infraestrutura crítica em todo o mundo continua presa a versões antigas do Windows, expondo usuários e instituições a falhas de segurança e ineficiência.

O Farol Diário destaca um paradoxo tecnológico: embora boa parte da população mundial utilize as versões mais recentes de sistemas como Windows 11, macOS Ventura ou Android 14, há um universo paralelo onde versões como Windows XP, 95 ou até mesmo 3.1 ainda são amplamente utilizadas — e o mais preocupante é que estamos todos, direta ou indiretamente, dependendo desses sistemas. A BBC voltou a acender o alerta para essa realidade silenciosa.

Um dos casos mais emblemáticos são os caixas eletrônicos. Em 2014, cerca de 89% desses terminais na Europa ainda rodavam o Windows XP, e alguns até mesmo o Windows NT, de 1993. A atualização dessas máquinas, segundo especialistas como Elvis Monteiro, esbarra em altos custos, exigências regulatórias e a complexidade de reescrever softwares proprietários. Hoje, mesmo com melhorias e o uso do Windows 10 IoT em muitos casos, ainda há inúmeros terminais operando sob versões sem suporte.

Essa dependência de sistemas antigos não se limita aos bancos. Trens na Suécia e até nos EUA funcionam com Windows XP, 95 ou mesmo MS-DOS. A Deutsche Bahn já chegou a buscar profissionais com experiência em Windows 3.11, e alguns trens de São Francisco só funcionam com o uso diário de disquetes. Situações semelhantes ocorrem nos aeroportos, onde ainda é possível ver telas azuis de Windows XP nos painéis de embarque. Em 2015, o sistema francês DECOR, para controle de tráfego aéreo, ainda rodava o arcaico Windows 3.1.

Hospitais e órgãos públicos também sofrem com o mesmo dilema. Nos EUA, o Departamento de Assuntos de Veteranos ainda utiliza o MS-DOS para registro de pacientes, enquanto há registros do uso de disquetes em sistemas nucleares há apenas uma década. Na Espanha, o fim do suporte ao Windows XP pegou de surpresa administrações públicas que ainda dependiam do sistema — e até mesmo do Internet Explorer — para suas rotinas burocráticas.

Para muitas empresas privadas, como a gráfica de John Watts ou o consultório do Dr. Zabriskie, migrar para sistemas modernos implica em trocar periféricos caros ou adaptar softwares críticos. No fim, a decisão é pragmática: se ainda funciona, não se mexe. O problema é que essa lógica de curto prazo pode custar caro a longo prazo — seja em eficiência, seja em segurança.

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