As estatais brasileiras registraram um déficit fiscal de R$ 2,69 bilhões entre janeiro e abril de 2025, o pior resultado desde o início da série histórica do Banco Central, iniciada em 2002. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (30) pelo próprio BC, reforçando um cenário de fragilidade fiscal persistente no setor público federal.
O desempenho negativo é puxado, sobretudo, pelas estatais federais, que acumularam um déficit de R$ 2,73 bilhões — valor significativamente superior ao registrado no mesmo período de 2024, quando o rombo foi de R$ 1,68 bilhão. Este é o terceiro ano consecutivo em que as estatais do governo central apresentam saldo negativo no primeiro quadrimestre.
Em contraste, estatais estaduais registraram superávit de R$ 573 milhões, enquanto as municipais encerraram o período com déficit de R$ 532 milhões. O mês de abril, em particular, também foi o pior da série, com um déficit mensal total de R$ 1,42 bilhão.
Diante da divulgação, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, tentou relativizar os números, destacando que a metodologia usada pelo BC considera apenas critérios fiscais e ignora os resultados contábeis completos das empresas. Segundo ela, o Serpro e a Dataprev, por exemplo, tiveram lucro líquido em 2024 — R$ 685 milhões e R$ 508,2 milhões, respectivamente —, apesar de aparecerem com déficit fiscal.
Ainda assim, especialistas e opositores ao governo questionam a real eficiência da gestão pública federal, especialmente quando nove das 19 estatais não dependentes vinculadas ao ministério de Dweck obtiveram lucro contábil, mas 11 delas constam como deficitárias na avaliação do Banco Central. Os dados, publicados por O Farol Diário, reacendem o debate sobre a sustentabilidade das estatais e a transparência na condução das contas públicas sob a atual administração.
