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Funkeiro MC Poze do Rodo é detido no Rio em operação contra apologia ao crime

Prisão reacende debate sobre liberdade artística e os limites entre expressão cultural e promoção da violência, enquanto ganha força a proposta da chamada “Lei Anti-Oruam”.

O cantor e influenciador MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brandon Coelho Couto Silva, foi preso na manhã desta quinta-feira, 29, em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro. A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que cumpriu mandado de prisão temporária expedido pela Justiça do estado.

MC Poze, com mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais, é acusado de apologia ao tráfico de drogas e de manter vínculos com uma organização criminosa. Segundo a investigação, suas músicas e apresentações exaltariam o uso de entorpecentes, armas de fogo e a violência entre facções. Vídeos recentes mostram o funkeiro cantando em bailes organizados pelo Comando Vermelho, sob escolta de criminosos armados.

A Polícia Civil afirma que esses eventos não são apenas culturais, mas também instrumentos de propaganda e expansão territorial do tráfico. Um dos episódios investigados ocorreu em 19 de maio na Cidade de Deus, poucas horas antes da morte de um agente da Core em operação no mesmo local. A defesa do cantor afirma que a prisão se baseia em uma “narrativa antiga” e avalia a apresentação de habeas corpus.

O caso de MC Poze ganha destaque em meio à crescente discussão sobre o papel da cultura de massa na normalização da violência. Em janeiro, o MBL apoiou a chamada “Lei Anti-Oruam”, proposta pela vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil), que visa proibir o uso de verba pública para contratar artistas que façam apologia ao crime. A iniciativa foi motivada por polêmicas envolvendo o rapper Oruam, filho do traficante Marcinho VP.

A proposta, ainda em debate em diversas casas legislativas, levanta um impasse entre liberdade de expressão e responsabilidade social. Críticos defendem que o Estado não deve financiar eventos que glamourizem o crime, enquanto setores progressistas denunciam o que consideram uma forma de censura cultural. No centro da polêmica, está a urgência de repensar os limites entre arte, discurso e financiamento público.

O Farol Diário seguirá acompanhando o desdobramento do caso e as repercussões políticas e jurídicas da prisão de MC Poze do Rodo, bem como a tramitação da “Lei Anti-Oruam” em nível nacional.

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