Enquanto milhares de jovens recém-formados se preparam para ingressar no mercado de trabalho, um obstáculo inesperado se impõe: a inteligência artificial. A tecnologia, que prometia aliviar os humanos de tarefas repetitivas, agora parece bloquear o acesso das novas gerações ao mundo profissional. A situação, analisada por especialistas e observada em gigantes do setor, revela um paradoxo preocupante.
Como explica Aneesh Raman, chefe de oportunidades econômicas do LinkedIn, “o primeiro degrau da carreira está desaparecendo”. O motivo? As tarefas introdutórias — administrativas, repetitivas e de baixa qualificação — estão sendo cada vez mais automatizadas por IAs generativas. Empresas como Amazon, Google e Microsoft já delegam à IA atividades que, tradicionalmente, permitiriam aos jovens aprender e ganhar experiência no trabalho.
O impacto é visível nos números. Segundo o Federal Reserve Bank de Nova York, a taxa de desemprego entre recém-formados nos Estados Unidos é de 5,8%, superando a de outros trabalhadores jovens. Parte desse aumento se deve à automação acelerada de funções básicas. Plataformas como Duolingo e Shopify já reduziram o recrutamento de profissionais em início de carreira, confiando essas tarefas a sistemas automatizados.
Chris Hyams, CEO da Indeed, alerta que “em cerca de dois terços das profissões, mais da metade das habilidades necessárias já podem ser desempenhadas pela IA”. O resultado? Muitos caminhos de aprendizagem e ascensão profissional tornam-se obsoletos, enquanto empresas clamam por mão de obra qualificada que elas próprias deixam de formar.
Se essa tendência persistir, não assistiremos a uma eliminação em massa de empregos, mas sim ao bloqueio de futuras gerações de profissionais. Como ressalta O Farol Diário, o desafio será garantir que, em um mundo cada vez mais automatizado, ainda existam oportunidades reais para que jovens aprendam, cresçam e contribuam com inovação e supervisão humana — um equilíbrio essencial para que a tecnologia continue a servir a sociedade como um todo.