O conflito entre Irã e Estados Unidos deu um passo perigoso nesta segunda-feira (23), após o governo iraniano confirmar ataques com mísseis contra bases militares americanas no Catar e no Iraque. Segundo informações iniciais, ao menos seis mísseis atingiram a base de Al Udeid, maior instalação militar dos EUA no Oriente Médio, localizada em território catariano. O Irã batizou a ofensiva de “Anunciação da Vitória”, em aparente retaliação à operação americana “Martelo da Meia-Noite”, realizada no último sábado (21), que bombardeou instalações nucleares iranianas.
As explosões foram ouvidas na capital Doha, segundo testemunhas da agência Reuters, e levaram ao fechamento imediato do espaço aéreo do Catar e dos Emirados Árabes Unidos. Apesar da gravidade da ação, o governo do Catar informou que não houve vítimas, mas condenou o ataque e declarou que se reserva ao direito de responder, “em conformidade com as leis internacionais”. O governo dos Emirados também anunciou que segue monitorando os desdobramentos com atenção redobrada.
O Pentágono afirmou estar ciente da possibilidade do ataque e que acompanha de perto os riscos à segurança da base de Al Udeid, que abriga cerca de 10 mil soldados americanos. Fontes ouvidas pelo New York Times revelaram que o Irã teria coordenado os ataques com autoridades locais e emitido um aviso prévio para minimizar baixas humanas, estratégia similar à adotada em 2020 após o assassinato do general Qassem Soleimani.
Segundo autoridades iranianas, o objetivo era responder simbolicamente, sem ultrapassar uma linha que tornasse a situação incontrolável. Ainda assim, o recado foi claro: “nenhum ataque ao território iraniano sairá impune”, declarou o alto comando militar de Teerã. A referência direta à operação “Martelo da Meia-Noite” escancara a intenção retaliatória. O ataque americano de sábado atingiu as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan, com uso de bombas de penetração profunda e táticas de distração com bombardeiros como isca.
A escalada militar no Oriente Médio reabre temores de um conflito regional de proporções inéditas. E se por um lado a resposta iraniana parece ter buscado limitar os danos humanos, o simbolismo da ação lança um sinal perigoso: as partes seguem trocando agressões, mas já esboçam mecanismos para manter o controle — ao menos por ora. No entanto, como sempre ocorre em confrontos de alta voltagem, basta um erro de cálculo para o diálogo se tornar inviável.