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Recuperações judiciais disparam e afetam empresas de todas as idades

Estudo inédito mostra que nem mesmo empresas centenárias escaparam dos efeitos econômicos de 2015 a 2025

Um levantamento inédito da Predictus, maior base de dados judiciais do país, revela o impacto devastador das crises econômicas e da pandemia sobre o setor empresarial brasileiro entre 2015 e 2025. Nesse período, 48.205 processos de recuperação judicial foram registrados, envolvendo diretamente 65.718 empresas, entre devedoras e credoras. O dado lança luz sobre uma década de fragilidade financeira, mesmo entre negócios com décadas de existência.

Das empresas envolvidas, 31.773 entraram com pedidos de recuperação judicial, enquanto 33.945 atuaram como credoras — ou seja, também sofreram abalos financeiros relevantes. O ápice das solicitações ocorreu em 2017, ano que refletiu os efeitos acumulados da crise econômica iniciada em 2014. O cenário piorou com a pandemia de Covid-19, que paralisou cadeias produtivas, reduziu o consumo e secou fontes de crédito.

O setor industrial foi o mais afetado no período, e a Região Sudeste concentrou 71% dos casos, com destaque para o estado de São Paulo. A forte densidade econômica da região explica parte da concentração, mas também escancara a vulnerabilidade das maiores estruturas empresariais diante de políticas econômicas inconsistentes e choques inesperados.

Um dado que chama atenção é a idade média das empresas que recorreram à recuperação judicial: 34,6 anos. Isso desmonta o mito de que apenas negócios jovens e inexperientes são suscetíveis a crises. No total, 10.311 empresas centenárias, com mais de 50 anos, recorreram ao instrumento jurídico — número superior ao de todas as companhias com menos de 10 anos de vida somadas.

O estudo também identificou os extremos: a empresa mais antiga em recuperação tinha 131 anos, enquanto a mais jovem tinha “zero ano” — o que pode indicar registro recente ou falha cadastral. Esses dados apontam não apenas para a necessidade de resiliência, mas também para reformas estruturais urgentes no ambiente de negócios brasileiro. Mesmo os empreendedores mais experientes parecem não ter proteção suficiente contra a instabilidade econômica — muitas vezes agravada por decisões políticas e pela ausência de previsibilidade no país.

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