1180x152

Barroso gastou quase R$ 1 milhão em jatinhos da FAB, parte sem agenda oficial

Com 54 voos e R$ 940 mil em despesas, Barroso lidera uso de jatinhos; parte das viagens ocorreu sem compromissos públicos definidos

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, utilizou aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) em 54 ocasiões até junho deste ano, acumulando uma despesa estimada em R$ 940 mil aos cofres públicos. A maior parte dos deslocamentos foi entre Brasília e São Paulo, sendo que algumas missões ocorreram durante o recesso do Judiciário ou sem agenda oficial informada, o que gerou críticas e comparações ao uso de “Uber aéreo” com dinheiro público.

Segundo revelou o jornal Gazeta do Povo, em pelo menos dez dessas viagens Barroso viajou sozinho. Outras 23 missões, no valor aproximado de R$ 420 mil, constam como “à disposição do Ministério da Defesa”, sem que o STF ou a própria FAB detalhassem os objetivos ou a necessidade dos deslocamentos. Em um dos casos, o ministro usou o avião militar para participar de uma cerimônia em que foi homenageado com uma comenda — a si mesmo.

O uso de jatinhos da FAB por autoridades do Judiciário e outros poderes tem se tornado padrão, ainda que não exista regra clara sobre transparência ou prestação de contas. O ministro Ricardo Lewandowski, por exemplo, realizou 35 voos com custo de R$ 678 mil, a maioria entre Brasília e São Paulo. Já Alexandre de Moraes lidera a lista de voos classificados como “sigilosos”, escorados em um decreto de 2020 que permite uso das aeronaves por “motivos de segurança”, sem exigência de publicidade.

A situação não se restringe ao STF. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Vital do Rêgo, também fez uso dos jatinhos oficiais com frequência e pouca transparência. Mesmo após anos cobrando abertura desses dados, o próprio TCU aderiu ao modelo de sigilo, alegando o mesmo decreto presidencial para blindar os registros.

O episódio escancara uma prática institucionalizada que escapa ao controle da sociedade e contraria os princípios da moralidade e economicidade no serviço público. Para O Farol Diário, o caso reforça a distância crescente entre o discurso da austeridade e o conforto garantido à elite do funcionalismo, em um país onde o cidadão comum segue enfrentando filas, inflação e impostos altos — inclusive para bancar voos sem explicação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *